Os herdeiros do falecido fundador do grupo de saúde Amil, Edson de Godoy Bueno, estão em negociações com a gigante americana UnitedHealth para vender os 10% de participação remanescentes da família no grupo e pelo menos cinco hospitais da rede Ímpar, controlada pela família, de acordo com uma pessoa a par das negociações. O valor total do negócio poderia movimentar até R$ 7 bilhões, segundo a mesma pessoa.

Os hospitais que estariam sendo negociados são 9 de julho e Santa Paula, em São Paulo; São Lucas, na cidade do Rio de Janeiro, e Complexo Hospitalar de Niterói, no município de mesmo nome, ambos no Estado do Rio; e Hospital e Maternidade Brasília, no Distrito Federal (DF). Procuradas, as assessorias da família Bueno, da Amil e da UnitedHealth Group Brasil informaram que não comentam especulações de mercado.

Em 2012, Bueno e a ex­mulher, Dulce Pugliese, que mesmo separada nunca deixou de ser sócia dele nos negócios, venderam 90% do capital do grupo Amil para a UnitedHealth por US$ 4,9 bilhões, ou cerca de R$ 10 bilhões. O negócio completa cinco anos neste mês. O Valor apurou que no contrato estabelecido há cinco anos foi colocada uma “escrow account”, ou contagarantia. Pelo mecanismo utilizado em aquisições, parte do investimento, ou do ativo a ser negociado, fica retido por determinado período, sem possibilidade de ser transacionado, como garantia para possíveis passivos
que poderiam surgir nos anos seguintes à concretização do negócio.

No caso da venda do grupo Amil, as partes decidiram que 10% da empresa ficaria de fora das mãos dos americanos, sob a classificação de “escrow account”, pelo período de cinco anos, prazo que está se encerrando. “Estão negociando agora para saber qual o valor [dos 10%], analisando o balanço, as receitas que entraram e que saíram, para assim estabelecer [o preço]”, disse essa pessoa que acompanha o assunto.

Como o grupo Amil foi vendido por cerca de R$ 10 bilhões, a parcela restante poderia ser negociada por entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão. A família quer, também, vender hospitais que fazem parte da rede Ímpar, ainda controlada pelos Bueno. As unidades, juntas, poderiam ser vendidas por R$ 6 bilhões.

Com a venda da parcela de 10%, a família Bueno sairia completamente dos negócios do grupo Amil no Brasil. Bueno morreu em fevereiro deste ano, aos 73 anos, vítima de um infarto ocorrido durante um jogo de tênis em sua casa de veraneio em Armação dos Búzios (RJ). A Amil começou como um plano de saúde, com atuação restrita a um hospital no município de Duque de Caxias, na baixada fluminense. Na época da morte do empresário, o grupo contabilizava 6,2 milhões de beneficiários, com 1,8 mil hospitais credenciados, 12 unidades próprias e 368,8 mil empresas clientes.

A UnitedHealth é um dos maiores grupos empresariais dos Estados Unidos, com valor de mercado próximo de US$ 190 bilhões. No Brasil, comanda três unidades de negócios distintas. Além da operadora de planos de saúde (Amil), atua nos segmentos de serviços médicos­hospitalares (Americas Serviços Médicos) e tecnologia aplicada à saúde (Optum).

Fonte: Valor Econômico