Foto: Restaurante do Madero no BH Shopping, em Nova Lima (Créditos: BH Shopping/Divulgação )

O fundo americano Carlyle voltou às compras no Brasil, depois de dois anos, ao acertar a aquisição de uma fatia de 22,3% da rede de hamburguerias paranaense Madero, por R$ 700 milhões, segundo fontes próximas à negociação. O acordo foi assinado logo após a eleição e, para ser efetivado, prevê processo de due dilligence (análise de dados financeiros) que deverá se estender até de janeiro. O negócio estimou o valor total do Madero em R$ 3 bilhões.

Atualmente com 139 restaurantes, a rede Madero, inaugurada em 2005, ficou conhecida pela rápida expansão. O crescimento foi financiado por dívidas, que estavam concentradas com o fundo HSI. Hoje, os débitos do Madero somam R$ 520 milhões, segundo apurou o Estado. Dos R$ 700 milhões a serem aportados pelo Carlyle, R$ 600 milhões devem ir para o caixa da empresa, e o restante, para o bolso dos sócios.

Segundo as fontes consultadas pela reportagem, o negócio foi fechado pelo Carlyle – com participação de executivos americanos, que visitaram a sede da hamburgueria – e Junior Durski, fundador do Madero, com ajuda de advogados. A rede conversou com outros fundos, como Catterton, Gávea e General Atlantic. No passado, o Madero trabalhou com diversos assessores – Itaú BBA, Bradesco BBI e BR Partners entre eles -, mas eles ficaram de fora do acordo com o Carlyle.

Após um hiato de dois anos, o Carlyle – que é sócio da rede de brinquedos Ri-Happy e da cadeia de decoração TokStok – voltou a investir com a intenção de sair de forma relativamente rápida do negócio. A chance de saída do fundo se dará porque, durante as conversas, o Madero teria declarado a intenção de abrir seu capital em dois anos.

Segundo o Estado apurou, a cadeia de restaurantes pretende convidar investidores pessoa física para participar da negociação de ações da companhia. Para isso, quer usar a imagem do apresentador Luciano Huck, que detém 5% do negócio e é conhecido como garoto-propaganda de várias marcas.

Os planos do Madero devem seguir inalterados. A empresa ainda vai abrir três restaurantes este ano – para um total de 142 – e prevê a inauguração de mais 52 no ano que vem. Os números incluem apenas as cadeias Madero, Stake House e Jerônimo (de apelo mais popular). A empresa ainda tem duas outras redes de sanduíches – que levam o sobrenome de Durski – em fase de desenvolvimento.

No ano que vem, apurou o Estado, a rede tem a intenção de aplicar R$ 380 milhões no negócio, para a abertura de lojas e melhorias da fábrica que produz quase todos os produtos vendidos nos restaurantes, localizada em Ponta Grossa (PR). Para isso, o Madero usaria os R$ 80 milhões que restarão do pagamento de R$ 700 milhões a ser feito pelo Carlyle no início de 2019. O restante dos recursos para os investimentos viria da geração de caixa do negócio, que hoje gira em torno de R$ 300 milhões.

Modelo. Para o consultor Sérgio Molinari, fundador da Food Consulting, o Madero é o caso mais bem sucedido de criação de conceito de negócio e marca nos últimos dez anos. Segundo ele, a experiência do cliente – da ambientação à comida, passando pelo atendimento – é muito superior à média do mercado e ao padrão da concorrência, incluindo rivais estrangeiras. “Ao fazer uma expansão sem precedentes, Durski não parou para olhar para o lado”, diz Molinari. “Seguiu seu projeto de investimento apesar das críticas que recebeu do mercado.”

Procurada, a rede Madero disse que não comentaria o assunto. O Carlyle também não quis se pronunciar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: em.com.br