Foto: Liliana Aufiero, presidente da Lupo
“Passamos o ano fabricando praticamente em cima do caminhão.” Com essa frase, Liliana Aufiero, presidente da Lupo ilustrou o desafio enfrentado pela companhia neste ano para manter o ritmo de produção e vendas, enquanto reestrutura o Grupo Scalina das marcas Trifil e Scala, adquirido em 2016. Neta do fundador Henrique Lupo, Liliana entrou para o comando da Lupo em 1993, em meio a uma grave crise da empresa. Aos 72 anos de idade, a executiva lidera com vigor a nova empreitada na companhia.
Em menos de um ano, a companhia reduziu a área fabril do Grupo Scalina de 70 mil m2 para 45 mil m2 . A produção, que antes era concentrada no complexo industrial de Guarulhos (SP), passou a se concentrar na fábrica que o grupo já mantinha em Itabuna (BA). O número de funcionários passou de 2,7 mil para 2,6 mil. No varejo, as lojas de franquia da Scala foram reduzidas de cem para 87 unidades.
“Pegamos uma empresa que teve R$ 246 milhões de receita líquida, com prejuízos mensais. A margem operacional foi negativa em 38% no ano passado”, afirmou Liliana. Neste ano, prevê a executiva, a receita vai chegar a R$ 243 milhões, com uma margem de lucro operacional de 5%. “Considero excelente esse resultado, porque conseguimos manter as vendas fazendo uma mudança grande e com melhora nos resultados”, acrescentou.
Considerando as margens citadas pela executiva, o negócio do Grupo Scalina vai sair de um prejuízo operacional de R$ 93,5 milhões no ano passado para um lucro operacional de R$ 12 milhões em 2017. Liliana optou por manter separados os resultados financeiros da Lupo e do Grupo Scalina. Liliana disse que a companhia obteve alguns ganhos de sinergia com a unificação das áreas de recursos humanos e tecnologia da informação. As tinturarias, o sistema de tratamento de água e os sistemas de caldeiras também foram unificados. Duas unidades da Scalina de Guarulhos foram transferidas para a Lupo: uma de elásticos e outra de malhas. A unidade de Guarulhos da Scalina, que concentrava a maior parte da produção do grupo, agora fica com uma parte da fabricação de roupas em malha. A parte de meias, meiascalças e moda íntima fica concentrada em Itabuna.
“A reformulação ainda não está totalmente concluída, ainda tem muito trabalho a ser feito. Por exemplo, Itabuna tem uma área de fiação de algodão que está desativada. A Lupo nunca teve fiação. Temos que aprender como se faz para recuperar essa fiação e ampliá-la”, afirmou Liliana. A executiva estima que dois anos serão suficientes para concluir as mudanças e acelerar o desempenho das marcas Scala e Trifil.
A Lupo anunciou em julho de 2016 a compra da rival Scalina, por um valor estimado pelo mercado de R$ 90 milhões. A aquisição só foi concluída em dezembro. Liliana disse que comprou o grupo para ganhar participação de mercado. A Lupo era a terceira maior empresa de moda íntima, com 2,3% de participação nas vendas, seguida pela Scalina, com 1,3%, segundo a Euromonitor International. Com a compra, tornouse a segunda maior empresa do setor, com 3,6% do mercado. A DeMillus lidera a categoria, com 4% de participação. A Marisa também ocupa o segundo lugar no ranking, com 3,6% do mercado.
“Com a compra somamos participação de mercado com a Trifil e a Scala. As marcas são boas e bem aceitas no mercado. A intenção é que continuem independentes, até com representantes comerciais separados”, afirmou Liliana.
Em relação à Lupo, as vendas estão melhores. De janeiro a agosto, as vendas da Lupo cresceram 12% em relação ao mesmo período de 2016. Esse desempenho está acima da média do varejo de vestuário, que cresceu 9% no período. Para o ano de 2017, Liliana prevê aumento na receita líquida da Lupo de 9,6%, para R$ 640 milhões. Em relação à operação de varejo, a Lupo fez uma abertura líquida de 12 unidades (entre lojas de franquia e quiosques) e prevê abrir mais 7 unidades até dezembro, chegando a 339 unidades. A operação consolidada do grupo deve chegar a R$ 883 milhões neste ano, com crescimento de 6,4%, estima a executiva.
Fonte: Valor Econômico | Por Cibelle Bouças