Empresas adotam cada vez mais redução estratégica de custos para aumentar seu diferencial competitivo
Economizar para crescer: eis um paradoxo que define a estratégia das empresas nos últimos anos, sobretudo na América Latina, para administrar custos. Entre as circunstâncias que intensificaram a adoção da medida, é possível destacar fatores macroeconômicos e flutuações tanto das taxas de câmbio globais quanto dos preços de commodities que vêm exercendo forte impacto nas perspectivas de desempenho das companhias.
A pesquisa global de redução de custos da Deloitte retrata esse cenário e aponta que 95% do empresariado brasileiro pretende implementar ações de redução de custos nos próximos 24 meses. Este número está em consonância com os levantados junto a empresários da América Latina (96%). Observa-se, porém, que o índice no Brasil é superior ao encontrado no restante do mundo (86%). A pesquisa ouviu insights de mais 1.000 executivos C-level de quatro importantes regiões: Estados Unidos (EUA), América Latina (A. Latina), Europa (EU) e Ásia-Pacífico (APAC).
Para garantir competitividade e atingir crescimento, mesmo diante de circunstâncias econômicas desafiadoras, as empresas passaram a rever suas estratégias de custo, o que pode proporcionar economias que podem ser reinvestidas em inovações, pesquisas de desenvolvimento de novos produtos e expansão para novos mercados. De acordo com a pesquisa, quase metade dos entrevistados (45%) buscou metas de redução de custos menores que 10%. Ainda assim, quase dois terços dos entrevistados (63%) relataram que não conseguiram atingir suas metas. Com relação ao não cumprimento de metas, o Brasil apresenta rendimento bastante similar à média global (64% contra 63%, respectivamente).
“Obter sucesso em meio às incertezas por meio da redução de custos é uma tendência entre as empresas de todo o mundo, especialmente no Brasil e América Latina, independentemente de apresentarem crescimento ou diminuição de suas receitas. Para executivos latinos, a projeção de cortes é uma prioridade. Ainda assim, predomina entre eles o otimismo quanto ao crescimento das médias e grandes empresas”, comenta Caroline Yokomizo, diretora de Strategic Cost Transformation da Deloitte.
Redução de custos em nome da vantagem competitiva
Reduzir custos e, simultaneamente, manter o foco em metas de expansão de vendas são prioridades aparentemente conflitantes que refletem as incertezas sobre fatores macroeconômicos globais e da economia local nas perspectivas de desempenho das companhias no curto e no longo prazo. No Brasil, a recessão é uma das principais ameaças consideradas pelas empresas, assim como a flutuação da taxa de câmbio global é um dos riscos preponderantes destacados pelas empresas mexicanas.
No caso do Brasil, associados ao cenário de recessão local, esses fatores globais exercem muita influência na composição das estratégias de negócios e de custos. Nesse sentido, a redução de custos tem sido estimulada por uma combinação de ações defensivas, que buscam controlar custos, e outras ações orientadas ao aumento da rentabilidade. Empresas brasileiras e mexicanas afirmam que farão investimentos necessários em áreas de crescimento e pretendem ganhar vantagem competitiva com as iniciativas de redução de custos.
Gestão de caixa é prioridade em empresas brasileiras
Devido ao alto grau de tensão econômica que as empresas brasileiras enfrentam, é possível que muitas estejam se concentrando em todos os aspectos da gestão de caixa, de crédito a capital de giro, incluindo liquidez e questões relacionadas à taxa de câmbio. “Em tempos de incerteza econômica, as empresas com metas agressivas de redução de custos podem se recuperar mais rapidamente e ganhar vantagens competitivas em seus mercados, ultrapassando seus concorrentes. O ambiente econômico desafiador pode representar uma oportunidade única de se posicionar para o sucesso no longo prazo, especialmente no caso do Brasil, onde a atual taxa de câmbio pode ser um estímulo às exportações”, afirma Renata Muramoto, sócia da área de Estratégia & Operações da Deloitte.
Na opinião da executiva, é importante ressaltar, ainda, que muitas empresas não alcançam metas mínimas de redução de custos. Isso significa que elas devem considerar a adoção de tecnologias exponenciais disruptivas e soluções digitais como um fator decisivo para alavancar a eficiência e a eficácia, viabilizar novos modelos de negócios e melhorar margens de forma sistêmica.
Fonte: Valor | Conteúdo de Marca