Concorrentes no mercado de medicina diagnóstica, o Fleury e o Sabin – segundo e quinto maiores laboratórios do setor, respectivamente – firmaram uma parceria para investir em startups na área de saúde, também conhecidas como “healthtechs”. As duas companhias fizeram um aporte inicial de US$ 2 milhões na Qure, empresa de venture capital que pertence ao fundo de investimento israelense OurCrown, com o objetivo de acelerar negócios em estágio inicial de atividades com projetos ligados à medicina diagnóstica.
“Investindo nessa aceleradora, vamos ter acesso a startups do mundo todo. Com tantas tecnologias surgindo, investir numa só startup é um risco”, disse Carlos Marinelli, presidente do Fleury, cuja receita bruta foi de R$ 2,5 bilhões no ano passado. “A parceria vai nos permitir agilizar os projetos das startups. A tecnologia também nos permite reduzir custos”, disse Lídia Abdalla, presidente do Grupo Sabin, que encerrou 2017 com faturamento de R$ 830 milhões.
As duas companhias já investiram em empresas iniciais de tecnologia. O Sabin patrocinou a primeira aceleradora de startup em saúde da América Latina, a Berrini Ventures, e está investindo na Pickcells, uma empresa novata que faz automatização de exames parasitológicos. Já o Fleury fez aportes em um projeto de testes de tumor com uma startup chamada Onkos.
Com os elevados custos na saúde, as “healthtechs” são vistas como um caminho para baixar os gastos. No ano passado, a soma das despesas com hospitais, consultas e exames médicos pagos por meio de planos de saúde somou quase R$ 150 bilhões. Em 2030, esse valor pode chegar a R$ 190 bilhões considerando uma visão conservadora, mas se os gastos continuarem crescendo na proporção atual essa quantia pode atingir R$ 383,5 bilhões, segundo projeções do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). Em 2017, foram realizados quase 1,2 bilhão de exames em laboratórios privados e a expectativa é de uma alta de 17% em 2030.
No Brasil, existem 263 startups na área de saúde, segundo a aceleradora Liga Ventures, que levantou dados de 10 mil “healthtechs”. Os segmentos de sistemas de gestão (17%) e alta complexidade em ciência (15%) são os com maior número de startups, seguidos pelos de sistemas de bem-estar físico e mental (10%) e buscadores e serviços de agendamentos de consultas (10%).
Fonte: Valor Econômico | Por Beh Koike