por Trade | jun 19, 2018 | Fusões e Aquisições
Foto: João Resende, Guilherme Alves, Gabriel Kallas, Márcio Placedino e Gustavo Mendes criaram a Toro há oito anos
Aporte por 25% da startup mineira totalizou R$ 46 milhões e possibilitará a criação de uma corretora
Com oito anos de operação em Belo Horizonte, a startup Toro Investimentos, que é especializada em educação financeira, experimenta um momento de guinada em sua trajetória. A empresa anunciou, recentemente, a venda de 25% de suas ações a um grupo de investidores, que aportou R$ 46 milhões no negócio. O investimento possibilitará à startup ser uma das primeiras fintechs do Brasil a construir, do zero, uma corretora de valores.
O sócio-fundador da Toro, Gabriel Kallas, explica que a venda de parte das ações da startup foi efetuada há cerca de um ano, mas só agora a empresa anunciou a transação. A divulgação acontece no mesmo momento em que a empresa anuncia a autorização do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que a empresa opere como corretora de valores. A mudança de estratégia faz parte do plano de expansão da Toro Investimentos a partir do aporte recebido pelo grupo de investidores.
“A empresa nasceu em um escritório de 20 metros quadrados focada na educação financeira. Durante esses oito anos ajudamos as pessoas a investirem melhor por meio de cursos, análises e recomendações. Até então crescemos com recursos próprios, mas no momento que entendemos que a estratégia seria criar a nossa própria instituição financeira percebemos que teríamos que entrar num jogo de grandes players. Manteríamos a alma de fintech, mas precisávamos de recursos e musculatura para brigar nesse mercado. Por isso optamos pela rodada de investimento”, explica.
Segundo Kallas, a startup buscou investidores no mercado que agregassem com conhecimento de mercado e gestão. Foi o caso de um dos fundadores da Localiza, Eugênio Mattar, que faz parte do grupo de investidores que aportou R$ 46 milhões na Toro Investimentos, adquirindo 25% de suas ações. “Buscamos pessoas com visão de gestão corporativa e com expertises diversas que podiam agregar à nossa operação”, completa.
Pioneira – O empreendedor explica que o aporte deu condições à startup a construir, do zero, uma corretora de valores. Isso torna a Toro Investimentos uma das primeiras fintechs a terem sua própria instituição financeira. Kallas não detalha o modelo de negócio da nova corretora, que ainda é sigiloso, mas garante que a proposta é oferecer uma experiência nova em investimento, se destacando do modelo tradicional existente no mercado.
“Hoje as pessoas enfrentam três grandes obstáculos na hora de investir: a falta de opções, uma vez que ficam presas à carteira do banco; a complexidade dos novos tipos de investimentos e ausência de educação financeira. Nós vamos resolver isso combinando a liberdade de escolha entre vários tipos de investimento, a simplicidade nas operações e a educação financeira. Dessa forma, vamos devolver ao cliente a capacidade de tomar decisões do seu investimento”, garante. A empresa já iniciou o pré-lançamento da corretora no portal www.toroinvestimentos.com.br. Nesse endereço é possível solicitar um convite para utilizar gratuitamente a plataforma de investimentos.
A expectativa do empreendedor é, até o fim do ano, fazer da Toro Investimentos a segunda corretora no País que mais cresce em abertura de contas. Além disso, ele pretende ensinar, por meio de sua plataforma, mais de 5 milhões de pessoas a investir melhor. Isso representa um crescimento de cinco vezes em relação ao número de pessoas já impactadas pela startup nos últimos oito anos.
Fonte: Diário do Comércio
por Trade | maio 14, 2018 | Fusões e Aquisições
- Mês fecha com 65 transações
- Investimentos de Venture Capital movimentam R$ 189,8 milhões no mês, alta de 16%
O mês de Abril registrou 65 transações de fusões e aquisições de empresas no mercado brasileiro, o que equivale a uma queda de 29,3% em relação ao mesmo mês de 2017, quando foram anunciadas 92 operações, segundo os números publicados no Relatório Mensal da Transactional Track Record (TTR), em parceria com LexisNexis e TozziniFreire Advogados. Em volume financeiro, essas transações movimentaram, entre as 28 que tiveram seus valores revelados, R$ 21,2 bilhões, alta de 193,76% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Nos primeiros quatro meses do ano, já foram anotados 305 anúncios de operações de compra e venda de participação envolvendo empresas brasileiras. Número inferior ao registrado em 2017 e 2016, 355 e 306, respectivamente. Das operações de 2018, 129 tiveram seus valores divulgados, somando R$ 85,8 bilhões, total 48% acima do que foi registrado no ano passado.
O segmento Tecnologia segue o mais atrativo no mercado brasileiro. No mês, foram 15 transações, que somadas às anteriores alcançam 68 operações, aumento de 10% comparado ao ano anterior. O crescimento dos investimentos no setor acompanha a alta de 50% das aquisições estrangeiras nos segmentos de Tecnologia e Internet.
No apanhado do ano, Financeiro e Seguros aparece estável na segunda colocação, com 34 operações, enquanto Saúde, Higiene e Estética, 30, e Consultoria, Auditoria e Engenharia, 23, revelaram declínio de 14% e 28%, respectivamente.
Operações cross-border
No âmbito inbound, em que empresas estrangeiras adquirem companhias brasileiras, foram contabilizadas 73 operações de compra desde o início de 2018. Apesar de seguir como o país com o maior número de aquisições no mercado brasileiro, contabilizando 25 transações, que juntas somam R$ 2,6 bilhões no ano, as operações norte-americanas não foram suficientes para ultrapassar os valores investidos por empresas japonesas no Brasil no período.
Os quatro investimentos de empresas do japão totalizaram R$ 3,7 bilhões, valor composto em sua maior parte pela alienação da Embraco pela Whirlpool Corporation para a fabricante de motores elétricos japonesas Nidec Corporation,.
China e Suíça também ultrapassaram a marca de um bilhão de reais em investimentos, tendo aportado, R$ 1,9 bilhões e R$ 1,3 bilhões cada.
O setor de Tecnologia foi aquele que mais recebeu aporte de empresas estrangeiras em 2018. Destaque também para Financeiro e Seguros e Consultoria, Auditoria e Engenharia.
Já as empresas brasileiras fizeram 10 aquisições no mercado externo, incluindo a compra de uma participação de 10% na britânica Oxis Energy pela Confrapar por R$ 17 milhões em abril. A Oxis Energy desenvolve e fabrica baterias de lítio-enxofre (Li-S).
No mesmo mês, a Sense Bike, empresa brasileira especializada em modelos de bicicletas de alumínio, também anunciou a aquisição da sul-africana Swift Carbon, que fabrica modelos em fibra de carbono, por R$ 20 milhões.
Private Equity e Venture Capital
Nos cenários de private equity e venture capital, o mercado continua com um panorama positivo. Os números refletem a retomada dos investimentos dos fundos estrangeiros em empresas brasileiras, foram 27 operações no ano e alta de 58,82% nos aportes.
Entretanto, abril não trouxe bons resultados para os investimentos da modalidade private equity. Ovolume financeiro das operações teve queda de 75% no número de deals – apenas dois registrados, e de 94% no volume financeiro, R$ 28 milhões aportados. Porém, no ano, o total investido segue em alta, com crescimento de 93% face ao ano anterior, com R$ 3,4 bilhões investidos.
Nos investimentos de venture capital, o panorama é diferente. Das 71 transações assinaladas no TTR desde o inicio do ano, 8% acima do que foi anunciado no mesmo período do ano anterior, 41 revelaram valores que somam R$ 1,39 bilhões, alta de 114% em comparação ao período homólogo de 2017.
Em abril, das 19 operações, 10 revelaram dados financeiros que demonstraram uma movimentação de R$ 189,8 milhões, crescimento de 16% comparado ao mesmo mês do ano anterior.
Dentre as transações que ajudaram a compor os números de venture capital em abril está a ContaAzul, plataforma de gestão em nuvem para pequenas empresas, que captou R$ 100 milhões em rodada de investimentos liderado pela norte-americana Tiger Global Managment e seguida pelo fundo Endeavor Catalyst.
O setor de maior crescimento no acumulado dos quatro primeiros meses do ano foi Financeiro e Seguros – 200%, enquanto o que apresentou mais transações, 37, foi Tecnologia.
Transação TTR do Mês
A conclusão da aquisição do controle da Cremer pela CM Hospitalar por R$ 506,71 milhões foi eleita pelo TTR como a transação do mês em abril. A CM Hospitalar, empresa distribuidora de medicamentos e produtos para a saúde, finalizou a operação de compra da participação societária de 88,52% detida pelo Tabaqui FIP no capital social da Cremer, que registrou faturamento de R$ 870 milhões em 2016.
A CM Hospitalar foi assessorada na transação pelo Banco Itaú BBA e pelos escritórios Lefosse Advogados e CM Advogados. Enquanto a Tambaqui FIP recebeu assessoria jurídica de Stocche, Forbes, Padis, Filizzola, Clapis, Passaro, Meyer e Refinetti Sociedade de Advogados.
Rankings Financeiros e Jurídicos
O pódio do ranking TTR de assessores financeiros por valores das transações e número de transações é liderado em fevereiro pelo Banco Itaú BBA, com acumulado de R$ 51,9 bilhões nos primeiros quatro meses do ano. Na sequência, Riza Capital, com R$ 41,8 bilhões, e Morgan Stanley, com R$ 39,9 bilhões.
O ranking de assessores jurídicos por valor é liderado por Cescon, Barrieu Flesch & Barreto Advogados, com R$ 46,6 bilhões, seguido por Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, com R$ 42,3 bilhões, e TozziniFreire Advogados, R$ 38,7 bilhões, na terceira posição. Por número de transações o ranking é liderado por Demarest Advogados, 16 operações, com Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, 15, com a segunda colocação, e TozziniFreire Advogados, 14, na sequência.
Fonte: TTR Blog
por Trade | maio 14, 2018 | Fusões e Aquisições
Foto: A Singu, dirigida por Tallis Gomes, captou R$ 10 milhões com investidores pessoa física e “family offices”, fundos que gerenciam fortunas familiares.
Com a queda dos juros e o aparecimento de negócios de grande projeção e valor de mercado bilionário, as startups têm atraído um perfil de investidor até agora pouco habituado a essas iniciativas: os fundos de investimento que gerenciam as fortunas das famílias mais ricas do Brasil, os “family offices”.
Os objetivos desses investidores são claros: buscar rentabilidade alta; obter contato com jovens empreendedores e diferentes modelos de atuação; e, quando tudo dá certo, gerar negócios. “Quem está buscando investimento hoje está batendo na porta desses ‘caras'”, diz Tallis Gomes, fundador do aplicativo Easy Taxi, referindo-se aos “family offices”.
Gomes, há dois anos, começou a dirigir uma nova empresa, a Singu, que acaba de concluir sua primeira rodada de investimento. A empresa opera nos mesmos moldes da Easy, só que em vez de conectar passageiros a motoristas de táxi, liga manicures, massagistas e depiladoras a potenciais clientes.
A empresa captou R$ 10 milhões com investidores pessoa física e “family offices”. Entre os nomes estão as famílias fundadoras das duas grandes empresas de cosméticos e beleza da América Latina, cujos nomes são mantidos em sigilo. Um desses investidores terá assento no recém-criado conselho da startup, composto por quatro pessoas.
“Esses investidores têm uma empresa por trás, por isso têm interesse em se conectar com o que há de mais novo no mundo da tecnologia, saber o que está acontecendo. É um jeito de se defender do que pode vir e não ser surpreendido”, diz o estrategista de um “multi-family office”, que administra recursos de diversas famílias. Segundo ele, clientes têm trazido nomes de startups com mais frequência. Recentemente, o aplicativo espanhol Cabify entrou no radar. Nesses casos, a escolha sobre investir ou não acaba cabe ao cliente. “Não temos um histórico, ou as ferramentas para analisar [opotencial do negócio]. Fazemos a conexão entre as pessoas”, diz.
Rodrigo Borges, sócio da Domo Invest, que montou um fundo de capital de risco para investir em startups com recursos de “family offices”, diz que as tratativas com fundos de famílias individuais têm sido mais produtivas porque as conversas acontecem com quem toma a decisão.
Na primeira rodada de captação de seu fundo em 2017, a Domo recebeu recursos de sete famílias. Para a próxima rodada, que começa em abril, o objetivo é conseguir um número menor de famílias, com valores maiores. Os aportes, segundo Borges, têm ficado entre 2% e 5% do capital de seus respectivos fundos. O objetivo da Domo é captar um total de R$ 100 milhões para aplicar em 20 startups. Até agora, dois investimentos foram anunciados (NoVerde e AgendaEdu) e mais dois contratos foram assinados.
Borges observa que o interesse dos “family offices” em startups vem na esteira de aportes estrangeiros feitos em empresas como a 99 (vendida em janeiro à chinesa Didi, sob um acordo que atribuiu um valor de mercado de US$ 1 bilhão à companhia) e o Nubank, que levantou, no começo de março, US$ 150 milhões de sete fundos internacionais, sob um valor de mercado de mais de US$ 2 bilhões.
“Quando o cenário muda e o Brasil deixa de ser de alto risco, o capital internacional vem e os grandes negócios acontecem. E isso estimula o investimento nas empresas iniciantes, porque abre uma possibilidade de venda de participação lá na frente”, diz Borges. Para ele, essa ampliação do acesso ao capital de risco é fundamental para as startups. “Não dá para ficar restrito só ao pessoal de internet [ex-executivos ou empreendedores que conseguiram vender um negócio ].”
Segundo a Associação Latino-Americana de Private Equity & Venture Capital (Lavca), os investimentos em operações de capital de risco no Brasil somaram US$ 859 milhões no ano passado, com 113 negócios. Foi um avanço considerável frente aos US$ 279 milhões e 64 negócios de 2016.
O total investido foi impulsionado pelos US$ 200 milhões que SoftBank, Didi Chuxing e Riverwood Capital colocaram na 99 e pelos US$ 135 milhões que a Movile captou com a Naspers e a Innova Capital em duas rodadas.
Na Singu, os recursos captados serão investidos em tecnologia, pessoal, marketing e no desenvolvimento de novas linhas de receita. Mas a relação com um “family office” e seus mantenedores pode ter benefícios que vão além do dinheiro. “Startups estrangeiras têm buscado investidores brasileiros para ajudar a ampliar mercado por aqui”, diz o executivo do multi-family office.
O Valor apurou que, nos últimos meses, Cabify, Uber e Spotify entraram no radar dos investidores. O Spotify, que estreará na bolsa de Nova York em 3 de abril, teria levantado mais de US$ 20 milhões com famílias brasileiras.
O investimento em empresas estrangeiras pode ser feito por meio de fundos específicos registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além de recursos depositados fora do Brasil. Nesse caso, a negociação tem quem ocorrer fora do território nacional.
A HMC Itajubá, que faz assessoria para investidores internacionais na América Latina, fechou uma parceria com a GSV Capital, um dos mais importantes fundos de investimento do Vale do Silício, que tem US$ 1 bilhão em ativos e já colocou dinheiro em companhias como Coursera, Dropbox, Lyft e Uber. Segundo Agnaldo Andrade, sócio da HMC, a ideia é montar veículos específicos no país que deem acesso a investidores locais ao portfólio da GSV.
Com a iniciativa, afirma Andrade, a proposta é criar uma cultura de investimento global no Brasil. “O talento está distribuído de forma balanceada no mundo, mas as oportunidades, não. O nosso modelo de atuação quer criar uma rede global que conecte as companhias além do Vale do Silício”, disse ao Valor, Michael Moe, fundador da GSV, durante visita ao Brasil na semana passada.
Para o executivo, o país é candidato a receber um dos 40 centros de inovação que a GSV pretende instalar ao redor do mundo. “O Brasil está no ritmo clássico de desenvolvimento do mercado. Há 15 anos, o Vale do Silício só tinha um unicórnio [startup com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão]”, disse.
Fonte: Gustavo Brigatto | Valor Econômico
por Trade | maio 14, 2018 | Fusões e Aquisições
O Grupo 3corações, líder no mercado de café no Brasil, deu mais um passo em sua estratégia de apostar em marcas locais como uma das formas de alavancar o seu crescimento. A empresa, joint venture entre a São Miguel Holding e a israelense Strauss, acaba de fechar a aquisição das marcas e maquinários da Café Manaus, que tem sede na capital amazonense e pertencia à família Assayag.
Foto: Pedro Lima – Aposta em marcas regionais para se aproximar do consumidor
Essa é a quarta aquisição feita pelo grupo desde 2016, um sinal de que no pulverizado segmento de café brasileiro, há bastante espaço para consolidação. No começo de 2016, a 3corações adquiriu
as marcas de café e derivados da Cia Iguaçu de Café Solúvel e no primeiro semestre do ano passado, comprou em leilão a marca pernambucana Cirol. No segundo semestre de 2017 também adquiriu a marca Toko, de Juiz de Fora (MG). De 2015, antes dessas aquisições, até o ano passado, a receita líquida da empresa subiu 46%, para R$ 3,7 bilhões.
A 3corações não está sozinha nesse movimento de consolidação. Em 2016, a Jacobs Douwe Egberts (JDE), segunda maior em café torrado e moído no país e dona da marca Pilão, adquiriu o Grupo Seleto e, no ano passado, comprou o portfólio de marcas locais de café da Cia Cacique, entre elas Pelé e Graníssimo. Já a Melitta adquiriu, em 2017, as marcas mineiras de café Barão e Forte D+ e maquinários do Grupo Mogyana, de Piumhi (MG). Comprou ainda uma estrutura fabril em Varginha (MG) para instalação de sua terceira unidade de produção de café no país.
Em entrevista ao Valor, o presidente do Grupo 3corações, Pedro Lima, afirmou que, com as recentes aquisições, a empresa aposta em “marcas clássicas, para se aproximar do consumidor” local. Dentro dessa estratégia, a 3corações conta com a fidelidade do consumidor a marcas regionais de café, um fato usual nesse mercado no Brasil.
A transação fechada há cerca de 15 dias – após mais de um ano de negociação – inclui a marca Café Manaus, Café Tapajós e Café Betania. Segundo Lima, paralelamente à aquisição dos ativos, a 3corações constrói uma fábrica em Manaus para torrefação de café e um novo centro de distribuição. A unidade começou a ser construída no fim de 2017 e deve entrar em operação em julho
deste ano. Por enquanto, as marcas adquiridas estão sendo produzidas na unidade antiga da Café Manaus, explicou.
Por questões de confidencialidade, o presidente da 3corações não revela o valor do negócio, mas informou que a compra dos ativos da Café Manaus e a construção da nova fábrica demandaram cerca de R$ 70 milhões.
A 3corações já tem presença relevante no Amazonas e com o Café Manaus vai ampliá-la. A empresa atua na região principalmente com a marca Santa Clara, que tem 40% de “share” de mercado, segundo Lima. A marca Café Manaus tem outros 25% do mercado local, acrescentou. Afora as marcas de café torrado e moído, a transação com a Café Manaus envolveu as linhas de solúvel e capuccino. As cápsulas com a marca Café Manaus deixarão de ser produzidas.
O faturamento que a nova aquisição vai agregar à receita do Grupo 3corações “não é muito relevante”, admitiu Lima. “Mas é relevante para a região”. Um dos planos da empresa ao ter uma plataforma industrial e de distribuição de café em Manaus é poder exportar produtos para países vizinhos à região, segundo o presidente do 3corações.
Com a unidade em Manaus, o grupo passará a ter cinco fábricas voltadas ao segmento de café. As outras unidades estão em Fortaleza (CE), Natal (RN), Santa Luzia (MG) e Montes Claros (MG). Nesta última, a empresa produz as cápsulas de café e outras bebidas para as máquinas do sistema TRES.
Como sempre quando questionado sobre o tema, Pedro Lima reforçou que o grupo “continua buscando oportunidades” de aquisições em café no país. Mas, juntamente com a estratégia de aquisições, a companhia aposta no crescimento orgânico. Afora a planta em Manaus, o grupo está instalando uma nova linha em Montes Claros, para duplicar a capacidade de produção de cápsulas da unidade a partir de junho deste ano.
Com 25% do mercado de café em volume no Brasil, segundo a Nielsen, seguido pela JDE (19%), o grupo 3corações comercializa as marcas Santa Clara, 3corações, Iguaçu, Itamaraty, Pimpinela e outras. Além de café, produz derivados de milho e refrescos.
Fonte: Alda do Amaral Rocha | Valor Econômico
por Trade | maio 14, 2018 | Fusões e Aquisições
Foto: Rodrigo Galindo (à esq.), CEO da Kroton, e Chaim Zaher (à dir.), dono do grupo SEB
Nos últimos dois anos, a história de dois grupos educacionais esteve ligada por uma fusão que criaria um gigante do ensino superior: a tão badalada união entre Kroton, comandada por Rodrigo Galindo (à esq.), com a Estácio, que tinha o empresário Chaim Zaher (à dir.), do grupo SEB, como o principal acionista individual. Pois bem, em julho do ano passado, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) não aprovou o negócio e cada um seguiu sua vida. Zaher vendeu sua participação na Estácio para o fundo americano Advent por mais de R$ 400 milhões e decidiu focar no ensino básico. A Kroton, por sua vez, passou a buscar alternativas de crescimento. Na semana passada, os dois deram duas grandes tacadas. O SEB comprou uma escola em Goiânia, numa sucessão de aquisições que tem feito desde o início de 2017, e a Kroton anunciou a criação de uma holding para investir no ensino básico. Ou seja, vão brigar pelo mesmo mercado. A coluna conversou com os dois. Entenda os passos de cada um:
A investida da Kroton
Dona de uma receita líquida de R$ 5,5 bilhões e um lucro líquido de R$ 2,2 bilhões no ano passado, a Kroton, maior empresa de ensino superior do Brasil com 876 mil alunos, não tinha uma presença sólida no mercado de educação básica. Mas agora terá. “Levamos um ano e meio construindo um plano de negócios para entrar na educação básica”, diz Rodrigo Galindo, o CEO da companhia. Na semana passada, o grupo lançou a holding Saber, que atuará de forma separada da Kroton. Para entrar nesse setor, no qual já conta com a rede mineira Pitágoras, responsável por um faturamento de R$ 118,9 milhões no ano passado, a Saber foi às compras. A empresa levou o Centro Educacional Leonardo Da Vinci (CELV), um dos mais famosos de Vitória, no Espírito Santo, por um valor estimado pelo mercado em R$ 120 milhões. A estratégia agora é replicar o modelo do CELV em outras cidades capixabas e aplicar a mesma tática com escolas adquiridas em outros Estados. “Vamos comprar outras duas escolas até o fim de 2018”, diz Galindo.
A conta que a Kroton fez para entrar no segmento é sedutora. Entre as mensalidades escolares e os cursos contraturnos, que são aulas de música, esportes, entre outros, a educação básica movimenta R$ 100 bilhões, quase o dobro do mercado de educação superior, que é de R$ 57 bilhões. A Saber vai atuar em um nicho que movimenta R$ 45 bilhões por ano, o de escolas com mensalidades a partir de R$ 1,25 mil. “Dentro de nove anos, o plano é ter R$ 4,5 bilhões de faturamento” diz Galindo. Indagado se essa é uma resposta à fusão com a Estácio, reprovada pelo Cade, o executivo nega. E sobre a competição com o SEB, o líder no setor, ele adota a diplomacia. “Tem espaço para todo mundo. O mercado de educação básica é muito fragmentado. Enquanto no ensino superior existem 2,4 mil universidades, na educação básica há 30 mil escolas” diz ele.
O avanço do grupo SEB
Com 45 mil alunos no ensino básico, mais de 40 escolas próprias e marcas como Pueri Domus, Concept e Maple Bear, o SEB, dono de um faturamento anual de R$ 850 milhões, também atua no ensino superior por meio de Educação a Distância (EAD), segmento no qual concentra 21 mil alunos. A menina dos olhos, entretanto, continua sendo a educação básica. E Chaim Zaher, o dono do grupo SEB, traçou uma boa estratégia para ganhar mercado. “Nosso plano é comprar marcas locais fortes em todas as capitais do Brasil”, diz Zaher. Na semana passada, ele pagou R$ 30 milhões pelo colégio Visão, de Goiânia, um dos mais tradicionais do Estado, com 1 mil alunos, e pretende levar a marca para outras cidades de Goiás. Essa aquisição se soma a outra realizada no início deste ano, quando levou a rede de escolas de A a Z, do Rio de Janeiro, com sete unidades e três mil alunos, por R$ 45 milhões. “Até o fim do ano, vamos inaugurar mais uma unidade do de A a Z, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro”, afirma o empresário.
Além disso, pretende fazer mais três aquisições ainda em 2018. Escolas em cidades como Recife (PE), Fortaleza (CE), Natal (RN), São Luiz (MA) e Porto Alegre (RS) estão no radar do grupo. A ideia é atuar desde colégios mais acessíveis, com tíquete médio de R$ 600, passando pelas aprovadoras, cujos preços se iniciam em R$ 1,5 mil; até as premiuns bilíngues com mensalidades a partir de R$ 3,5 mil; e as de vanguarda como a Concept com valores que se iniciam em R$ 6 mil por mês. Indagado sobre a investida da Kroton em um setor em que, praticamente, ele domina, Zaher também é diplomático. “Não estou preocupado com concorrentes do segmento do ensino superior. Educação básica tem outra filosofia, exige muito conhecimento e DNA. Temos mais de 50 anos nesse setor”, afirma.
Fonte: Carlos Sambrana Diretor das revistas Istoé Dinheiro, Dinheiro Rural e Motor Show, e apresentador do programa MOEDA FORTE na TV Dinheiro
por Trade | maio 11, 2018 | Fusões e Aquisições
Foto: A Força do leão: um dos principais ativos da Somos Educação, o colégio, curso pré-vestibular e sistema de ensino Anglo tem mais de 300 mil alunos. A instituição foi fundada há mais de cinquenta anos (Crédito:Divulgação)
Duas semanas depois de anunciar a criação da holding Saber, focada no ensino básico, a Kroton surpreendeu o mercado ao pagar R$ 6,2 bilhões pela Somos Educação. Entenda os reflexos desse negócio no setor
Foto: Aula de gestão: Rodrigo Galindo, CEO da Kroton Educacional, construiu um império da educação superior. Agora, o executivo quer repetir a fórmula no ensino básico (Crédito: João Castellano/Ag. Istoé)
No segundo semestre do ano passado, Rodrigo Galindo, CEO da Kroton Educacional, e José Carlos Reis de Magalhães, o Zeca Magalhães, presidente da Tarpon Investimentos, tiveram alguns encontros para discutir a venda da Somos Educação, grupo de ensino básico controlado pela gestora de private equity e dono de escolas como Anglo, Sigma e Ser. Depois de algumas reuniões, a expectativa era que a transação fosse concluída sem grandes dificuldades. Porém, o desfecho não saiu como esperado e as partes não chegaram a um acordo financeiro.
“Tinha um espaço bem grande entre a proposta que fizemos e o valor que a Tarpon pedia”, diz Galindo. Na época, especulava-se que a diferença era de, aproximadamente, R$ 2 bilhões entre o que a Kroton queria pagar e o que a Tarpon desejava receber, como publicado na coluna MOEDA FORTE, em outubro de 2017. Quatro meses depois de encerradas as negociações, na quinta-feira 19 de abril, Galindo ligou para Zeca propondo uma reunião no dia seguinte. “Voltamos com uma oferta melhor, eles também cederam um pouco e conseguimos chegar a um acordo”, afirma o CEO da Kroton.
Durante o fim de semana, os executivos se debruçaram sobre o contrato e, em 48 horas, deixaram tudo pronto para anunciar a transação na manhã de segunda-feira 23. Por R$ 6,2 bilhões, a maior empresa de educação superior do Brasil passou a ser, também, a líder no ensino fundamental e básico. “Para a Kroton não interessava entrar no mercado sem ser a primeira. Se ela fosse comprar uma unidade em cada capital do Brasil e fazer a expansão o processo seria muito lento”, afirma Carlos Antonio Monteiro, presidente da CM Consultoria, especializada em educação.
A Tarpon ficará com R$ 4,5 bilhões, referente a participação de 73% no negócio. O restante será oferecido aos demais acionistas, por meio de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA). O negócio será fechado por meio da Saber, subsidiária da Kroton criada no início de abril para administrar suas operações de educação básica. “A entrada da Kroton deve ajudar no desenvolvimento das estratégias que a Somos já vinha implementando”, afirma Fernando Chayer, CEO da Somos Educação. “Enxergo a aquisição de uma forma muito positiva para a empresa.”
A combinação das duas operações resultará em uma receita líquida de cerca de R$ 7,4 bilhões, sendo R$ 5,5 bilhões da Kroton e R$ 1,9 bilhão da Somos. A geração de caixa (Ebitda) será de mais de R$ 3 bilhões. Segundo os cálculos da Kroton, os ganhos com sinergias serão de R$ 300 milhões ao longo dos próximos quatro anos, e virão de um melhor aproveitamento da malha logística, com o ganho de escala, e de melhorias de eficiência implementadas na operação da Somos. Mas, antes de realizar a OPA, a Kroton precisa receber a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). No ano passado, um negócio envolvendo a empresa foi barrado pelo órgão de defesa da concorrência.
Foto: Chaim Zaher: “A educação básica é um segmento que exige muita presença no dia a dia”, diz o presidente do Grupo SEB (Crédito:Amanda Perobelli/Estadao)
A fusão com a Estácio, que criaria uma gigante no ensino superior, foi rejeitada em razão da alta concentração nesse segmento, de mais de 30%. Com a reprovação da operação, as opções de crescimento da Kroton no ensino superior, via aquisições, se tornaram escassas. Os investidores temeram pelo futuro da companhia e o valor de mercado, que chegou a ser de R$ 34,7 bilhões, em outubro de 2017, caiu para R$ 21 bilhões em abril deste ano. “A compra da Somos se encaixou como uma luva. Foi uma excelente resposta a esses questionamentos”, diz William Klein, CEO da consultoria Hoper Educação. No entanto, o valor pago pelo negócio foi considerada elevado. O valor da Somos era de
R$ 3,7 bilhões, na sexta-feira 20. “Eles pagaram muito caro, não faz muito sentido”, afirma um executivo do mercado.
A aposta pode dar certo. A estratégia da Kroton para avançar nesse segmento começou a ser desenhada quase dois anos atrás. Em 2016, a empresa passou a realizar estudos específicos sobre esse mercado e contratou Mário Ghio, executivo com vasta experiência no ensino básico e que ocupou o cargo de CEO da Somos. Ghio está à frente da Saber e passa a ter 44 escolas próprias, três cursinhos pré-vestibular, 120 escolas de idioma, além de atender mais de 3,4 mil instituições por meio de seus sistemas de ensino (confira quadro abaixo). Ao todo, são 34,2 milhões de alunos atendidos pelos sistemas de ensino e livros didáticos. O segmento passará a representar quase um terço do faturamento da Kroton. Atualmente, a participação da vertente na receita líquida da companhia é de apenas 3%. A fatia inclui os negócios da rede Pitágoras e do Centro Educacional Leonardo da Vinci, de Vitória (ES), adquirido no início deste mês.
A operação abre as portas, de forma muito rápida, para um mercado extremamente pulverizado e que possui ainda poucas empresas relevantes operando. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), existem no Brasil 30,6 mil escolas particulares, enquanto no ensino superior são 2,4 mil faculdades. Além disso, o mercado de ensino básico movimenta, anualmente, R$ 101 bilhões, quase o dobro do superior. “O segmento de ensino básico oferece vantagens significativas em relação ao de educação superior. É duas vezes maior, com ciclos mais longos (de 10 a 12 anos), menor nível de competição e valuations mais atrativos para aquisições”, afirma Maria Tereza Azevedo, analista do Banco UBS, em relatório. A empresa de Galindo terá que correr contra a expansão dos concorrentes, que tem se movimentado para abocanhar a maior fatia possível desse mercado.
Foto: Visão otimista: Fernando Shayer, CEO da Somos Educação, assumiu o grupo há pouco mais de seis meses. Para ele, a venda para a Kroton será muito positiva e vai permitir acelerar o desenvolvimento da estratégia da empresa (Crédito:Nilani Goettems / Valor / Agência O Globo)
O Grupo SEB, por exemplo, fez duas aquisições neste ano: do colégio A e Z, do Rio de Janeiro, e Visão, de Goiânia, na esteira de uma série de outras compras já realizadas em 2017. O SEB deve anunciar uma nova aquisição no início de maio. “É um segmento que exige muita presença no dia a dia, contato intenso com os pais e que tem muitos alunos, e cada um com um perfil distinto”, afirma Chaim Zaher, presidente do Grupo SEB, dono de escolas como Pueri Domus e Concept. Recentemente, outros grupos também mostraram interesse pelo ensino básico: a holding Bahema, que comprou no ano passado 80% da Escola da Vila e 5% da Escola Parque, e o Grupo Eleva, que conta com Jorge Paulo Lemann como investidor e que também fez uma série de aquisições no ano passado.
A ideia da Kroton é aproveitar a pulverização do segmento para realizar novas aquisições de colégios e crescer também com aberturas, consolidando o mercado. “Nenhum grupo de educação tem hoje mais do que 1% de participação no mercado de escolas privadas. Existe um espaço imenso para crescer”, diz Galindo. Ainda neste ano, mais duas compras serão anunciadas. A primeira já está com o contrato assinado, e deve ser divulgada em junho, e a segunda está em vias de ser concluída. A Kroton está também em negociação avançada com mais duas instituições, mas os fechamentos desses contratos devem ficar para 2019. A empreitada da empresa para crescer no ensino básico, no entanto, não será fácil. Há um questionamento se a companhia, habituada ao ensino superior, conseguirá se adaptar as especificidades da educação básica.
Fonte: ISTOÉ Dinheiro