Startups atraem recursos de famílias ricas

Startups atraem recursos de famílias ricas

Foto: A Singu, dirigida por Tallis Gomes, captou R$ 10 milhões com investidores pessoa física e “family offices”, fundos que gerenciam fortunas familiares.

Com a queda dos juros e o aparecimento de negócios de grande projeção e valor de mercado bilionário, as startups têm atraído um perfil de investidor até agora pouco habituado a essas iniciativas: os fundos de investimento que gerenciam as fortunas das famílias mais ricas do Brasil, os “family offices”.

Os objetivos desses investidores são claros: buscar rentabilidade alta; obter contato com jovens empreendedores e diferentes modelos de atuação; e, quando tudo dá certo, gerar negócios. “Quem está buscando investimento hoje está batendo na porta desses ‘caras'”, diz Tallis Gomes, fundador do aplicativo Easy Taxi, referindo-se aos “family offices”.

Gomes, há dois anos, começou a dirigir uma nova empresa, a Singu, que acaba de concluir sua primeira rodada de investimento. A empresa opera nos mesmos moldes da Easy, só que em vez de conectar passageiros a motoristas de táxi, liga manicures, massagistas e depiladoras a potenciais clientes.

A empresa captou R$ 10 milhões com investidores pessoa física e “family offices”.  Entre os nomes estão as famílias fundadoras das duas grandes empresas de cosméticos e beleza da América Latina, cujos nomes são mantidos em sigilo. Um desses investidores terá assento no recém-criado conselho da startup, composto por quatro pessoas.

“Esses investidores têm uma empresa por trás, por isso têm interesse em se conectar com o que há de mais novo no mundo da tecnologia, saber o que está acontecendo. É um jeito de se defender do que pode vir e não ser surpreendido”, diz o estrategista de um “multi-family office”, que administra recursos de diversas famílias. Segundo ele, clientes têm trazido nomes de startups com mais frequência. Recentemente, o aplicativo espanhol Cabify entrou no radar. Nesses casos, a escolha sobre investir ou não acaba cabe ao cliente. “Não temos um histórico, ou as ferramentas para analisar [opotencial do negócio]. Fazemos a conexão entre as pessoas”, diz.

Rodrigo Borges, sócio da Domo Invest, que montou um fundo de capital de risco para investir em startups com recursos de “family offices”, diz que as tratativas com fundos de famílias individuais têm sido mais produtivas porque as conversas acontecem com quem toma a decisão.

Na primeira rodada de captação de seu fundo em 2017, a Domo recebeu recursos de sete famílias. Para a próxima rodada, que começa em abril, o objetivo é conseguir um número menor de famílias, com valores maiores. Os aportes, segundo Borges, têm ficado entre 2% e 5% do capital de seus respectivos fundos. O objetivo da Domo é captar um total de R$ 100 milhões para aplicar em 20 startups. Até agora, dois investimentos foram anunciados (NoVerde e AgendaEdu) e mais dois contratos foram assinados.

Borges observa que o interesse dos “family offices” em startups vem na esteira de aportes estrangeiros feitos em empresas como a 99 (vendida em janeiro à chinesa Didi, sob um acordo que atribuiu um valor de mercado de US$ 1 bilhão à companhia) e o Nubank, que levantou, no começo de março, US$ 150 milhões de sete fundos internacionais, sob um valor de mercado de mais de US$ 2 bilhões.

“Quando o cenário muda e o Brasil deixa de ser de alto risco, o capital internacional vem e os grandes negócios acontecem. E isso estimula o investimento nas empresas iniciantes, porque abre uma possibilidade de venda de participação lá na frente”, diz Borges. Para ele, essa ampliação do acesso ao capital de risco é fundamental para as startups. “Não dá para ficar restrito só ao pessoal de internet [ex-executivos ou empreendedores que conseguiram vender um negócio ].”

Segundo a Associação Latino-Americana de Private Equity & Venture Capital (Lavca), os investimentos em operações de capital de risco no Brasil somaram US$ 859 milhões no ano passado, com 113 negócios. Foi um avanço considerável frente aos US$ 279 milhões e 64 negócios de 2016.

O total investido foi impulsionado pelos US$ 200 milhões que SoftBank, Didi Chuxing e Riverwood Capital colocaram na 99 e pelos US$ 135 milhões que a Movile captou com a Naspers e a Innova Capital em duas rodadas.

Na Singu, os recursos captados serão investidos em tecnologia, pessoal, marketing e no desenvolvimento de novas linhas de receita. Mas a relação com um “family office” e seus mantenedores pode ter benefícios que vão além do dinheiro. “Startups estrangeiras têm buscado investidores brasileiros para ajudar a ampliar mercado por aqui”, diz o executivo do multi-family office.

O Valor apurou que, nos últimos meses, Cabify, Uber e Spotify entraram no radar dos investidores. O Spotify, que estreará na bolsa de Nova York em 3 de abril, teria levantado mais de US$ 20 milhões com famílias brasileiras.

O investimento em empresas estrangeiras pode ser feito por meio de fundos específicos registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além de recursos depositados fora do Brasil. Nesse caso, a negociação tem quem ocorrer fora do território nacional.

A HMC Itajubá, que faz assessoria para investidores internacionais na América Latina, fechou uma parceria com a GSV Capital, um dos mais importantes fundos de investimento do Vale do Silício, que tem US$ 1 bilhão em ativos e já colocou dinheiro em companhias como Coursera, Dropbox, Lyft e Uber. Segundo Agnaldo Andrade, sócio da HMC, a ideia é montar veículos específicos no país que deem acesso a investidores locais ao portfólio da GSV.

Com a iniciativa, afirma Andrade, a proposta é criar uma cultura de investimento global no Brasil. “O talento está distribuído de forma balanceada no mundo, mas as oportunidades, não. O nosso modelo de atuação quer criar uma rede global que conecte as companhias além do Vale do Silício”, disse ao Valor, Michael Moe, fundador da GSV, durante visita ao Brasil na semana passada.

Para o executivo, o país é candidato a receber um dos 40 centros de inovação que a GSV pretende instalar ao redor do mundo. “O Brasil está no ritmo clássico de desenvolvimento do mercado. Há 15 anos, o Vale do Silício só tinha um unicórnio [startup com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão]”, disse.

Fonte: Gustavo Brigatto | Valor Econômico

3corações acelera expansão com outra aquisição no país

3corações acelera expansão com outra aquisição no país

O Grupo 3corações, líder no mercado de café no Brasil, deu mais um passo em sua estratégia de apostar em marcas locais como uma das formas de alavancar o seu crescimento. A empresa, joint venture entre a São Miguel Holding e a israelense Strauss, acaba de fechar a aquisição das marcas e maquinários da Café Manaus, que tem sede na capital amazonense e pertencia à família Assayag.

Foto: Pedro Lima – Aposta em marcas regionais para se aproximar do consumidor

Essa é a quarta aquisição feita pelo grupo desde 2016, um sinal de que no pulverizado segmento de café brasileiro, há bastante espaço para consolidação. No começo de 2016, a 3corações adquiriu
as marcas de café e derivados da Cia Iguaçu de Café Solúvel e no primeiro semestre do ano passado, comprou em leilão a marca pernambucana Cirol. No segundo semestre de 2017 também adquiriu a marca Toko, de Juiz de Fora (MG). De 2015, antes dessas aquisições, até o ano passado, a receita líquida da empresa subiu 46%, para R$ 3,7 bilhões.

A 3corações não está sozinha nesse movimento de consolidação. Em 2016, a Jacobs Douwe Egberts (JDE), segunda maior em café torrado e moído no país e dona da marca Pilão, adquiriu o Grupo Seleto e, no ano passado, comprou o portfólio de marcas locais de café da Cia Cacique, entre elas Pelé e Graníssimo. Já a Melitta adquiriu, em 2017, as marcas mineiras de café Barão e Forte D+ e maquinários do Grupo Mogyana, de Piumhi (MG). Comprou ainda uma estrutura fabril em Varginha (MG) para instalação de sua terceira unidade de produção de café no país.

Em entrevista ao Valor, o presidente do Grupo 3corações, Pedro Lima, afirmou que, com as recentes aquisições, a empresa aposta em “marcas clássicas, para se aproximar do consumidor” local. Dentro dessa estratégia, a 3corações conta com a fidelidade do consumidor a marcas regionais de café, um fato usual nesse mercado no Brasil.

A transação fechada há cerca de 15 dias – após mais de um ano de negociação – inclui a marca Café Manaus, Café Tapajós e Café Betania. Segundo Lima, paralelamente à aquisição dos ativos, a 3corações constrói uma fábrica em Manaus para torrefação de café e um novo centro de distribuição. A unidade começou a ser construída no fim de 2017 e deve entrar em operação em julho
deste ano. Por enquanto, as marcas adquiridas estão sendo produzidas na unidade antiga da Café Manaus, explicou.

Por questões de confidencialidade, o presidente da 3corações não revela o valor do negócio, mas informou que a compra dos ativos da Café Manaus e a construção da nova fábrica demandaram cerca de R$ 70 milhões.

A 3corações já tem presença relevante no Amazonas e com o Café Manaus vai ampliá-la. A empresa atua na região principalmente com a marca Santa Clara, que tem 40% de “share” de mercado, segundo Lima. A marca Café Manaus tem outros 25% do mercado local, acrescentou. Afora as marcas de café torrado e moído, a transação com a Café Manaus envolveu as linhas de solúvel e capuccino. As cápsulas com a marca Café Manaus deixarão de ser produzidas.

O faturamento que a nova aquisição vai agregar à receita do Grupo 3corações “não é muito relevante”, admitiu Lima. “Mas é relevante para a região”. Um dos planos da empresa ao ter uma plataforma industrial e de distribuição de café em Manaus é poder exportar produtos para países vizinhos à região, segundo o presidente do 3corações.

Com a unidade em Manaus, o grupo passará a ter cinco fábricas voltadas ao segmento de café. As outras unidades estão em Fortaleza (CE), Natal (RN), Santa Luzia (MG) e Montes Claros (MG). Nesta última, a empresa produz as cápsulas de café e outras bebidas para as máquinas do sistema TRES.

Como sempre quando questionado sobre o tema, Pedro Lima reforçou que o grupo “continua buscando oportunidades” de aquisições em café no país. Mas, juntamente com a estratégia de aquisições, a companhia aposta no crescimento orgânico. Afora a planta em Manaus, o grupo está instalando uma nova linha em Montes Claros, para duplicar a capacidade de produção de cápsulas da unidade a partir de junho deste ano.

Com 25% do mercado de café em volume no Brasil, segundo a Nielsen, seguido pela JDE (19%), o grupo 3corações comercializa as marcas Santa Clara, 3corações, Iguaçu, Itamaraty, Pimpinela e outras. Além de café, produz derivados de milho e refrescos.

Fonte: Alda do Amaral Rocha | Valor Econômico

Duelo de gigantes pelo bilionário mercado de educação básica

Duelo de gigantes pelo bilionário mercado de educação básica

Nos últimos dois anos, a história de dois grupos educacionais esteve ligada por uma fusão que criaria um gigante do ensino superior: a tão badalada união entre Kroton, comandada por Rodrigo Galindo (à esq.), com a Estácio, que tinha o empresário Chaim Zaher (à dir.), do grupo SEB, como o principal acionista individual. Pois bem, em julho do ano passado, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) não aprovou o negócio e cada um seguiu sua vida. Zaher vendeu sua participação na Estácio para o fundo americano Advent por mais de R$ 400 milhões e decidiu focar no ensino básico. A Kroton, por sua vez, passou a buscar alternativas de crescimento. Na semana passada, os dois deram duas grandes tacadas. O SEB comprou uma escola em Goiânia, numa sucessão de aquisições que tem feito desde o início de 2017, e a Kroton anunciou a criação de uma holding para investir no ensino básico. Ou seja, vão brigar pelo mesmo mercado. A coluna conversou com os dois. Entenda os passos de cada um:

A investida da Kroton

Dona de uma receita líquida de R$ 5,5 bilhões e um lucro líquido de R$ 2,2 bilhões no ano passado, a Kroton, maior empresa de ensino superior do Brasil com 876 mil alunos, não tinha uma presença sólida no mercado de educação básica. Mas agora terá. “Levamos um ano e meio construindo um plano de negócios para entrar na educação básica”, diz Rodrigo Galindo, o CEO da companhia. Na semana passada, o grupo lançou a holding Saber, que atuará de forma separada da Kroton. Para entrar nesse setor, no qual já conta com a rede mineira Pitágoras, responsável por um faturamento de R$ 118,9 milhões no ano passado, a Saber foi às compras. A empresa levou o Centro Educacional Leonardo Da Vinci (CELV), um dos mais famosos de Vitória, no Espírito Santo, por um valor estimado pelo mercado em R$ 120 milhões. A estratégia agora é replicar o modelo do CELV em outras cidades capixabas e aplicar a mesma tática com escolas adquiridas em outros Estados. “Vamos comprar outras duas escolas até o fim de 2018”, diz Galindo.

A conta que a Kroton fez para entrar no segmento é sedutora. Entre as mensalidades escolares e os cursos contraturnos, que são aulas de música, esportes, entre outros, a educação básica movimenta R$ 100 bilhões, quase o dobro do mercado de educação superior, que é de R$ 57 bilhões. A Saber vai atuar em um nicho que movimenta R$ 45 bilhões por ano, o de escolas com mensalidades a partir de R$ 1,25 mil. “Dentro de nove anos, o plano é ter R$ 4,5 bilhões de faturamento” diz Galindo. Indagado se essa é uma resposta à fusão com a Estácio, reprovada pelo Cade, o executivo nega. E sobre a competição com o SEB, o líder no setor, ele adota a diplomacia. “Tem espaço para todo mundo. O mercado de educação básica é muito fragmentado. Enquanto no ensino superior existem 2,4 mil universidades, na educação básica há 30 mil escolas” diz ele.

O avanço do grupo SEB

Com 45 mil alunos no ensino básico, mais de 40 escolas próprias e marcas como Pueri Domus, Concept e Maple Bear, o SEB, dono de um faturamento anual de R$ 850 milhões, também atua no ensino superior por meio de Educação a Distância (EAD), segmento no qual concentra 21 mil alunos. A menina dos olhos, entretanto, continua sendo a educação básica. E Chaim Zaher, o dono do grupo SEB, traçou uma boa estratégia para ganhar mercado. “Nosso plano é comprar marcas locais fortes em todas as capitais do Brasil”, diz Zaher. Na semana passada, ele pagou R$ 30 milhões pelo colégio Visão, de Goiânia, um dos mais tradicionais do Estado, com 1 mil alunos, e pretende levar a marca para outras cidades de Goiás. Essa aquisição se soma a outra realizada no início deste ano, quando levou a rede de escolas de A a Z, do Rio de Janeiro, com sete unidades e três mil alunos, por R$ 45 milhões. “Até o fim do ano, vamos inaugurar mais uma unidade do de A a Z, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro”, afirma o empresário.

Além disso, pretende fazer mais três aquisições ainda em 2018. Escolas em cidades como Recife (PE), Fortaleza (CE), Natal (RN), São Luiz (MA) e Porto Alegre (RS) estão no radar do grupo. A ideia é atuar desde colégios mais acessíveis, com tíquete médio de R$ 600, passando pelas aprovadoras, cujos preços se iniciam em R$ 1,5 mil; até as premiuns bilíngues com mensalidades a partir de R$ 3,5 mil; e as de vanguarda como a Concept com valores que se iniciam em R$ 6 mil por mês. Indagado sobre a investida da Kroton em um setor em que, praticamente, ele domina, Zaher também é diplomático. “Não estou preocupado com concorrentes do segmento do ensino superior. Educação básica tem outra filosofia, exige muito conhecimento e DNA. Temos mais de 50 anos nesse setor”, afirma.

 

Fonte: Carlos Sambrana Diretor das revistas Istoé Dinheiro, Dinheiro Rural e Motor Show, e apresentador do programa MOEDA FORTE na TV Dinheiro

 

Kroton compra a Somos Educação e vira líder também no ensino básico

Kroton compra a Somos Educação e vira líder também no ensino básico

Foto: A Força do leão: um dos principais ativos da Somos Educação, o colégio, curso pré-vestibular e sistema de ensino Anglo tem mais de 300 mil alunos. A instituição foi fundada há mais de cinquenta anos (Crédito:Divulgação)

Duas semanas depois de anunciar a criação da holding Saber, focada no ensino básico, a Kroton surpreendeu o mercado ao pagar R$ 6,2 bilhões pela Somos Educação. Entenda os reflexos desse negócio no setor

Crédito: João Castellano/Ag. Istoé
Foto: Aula de gestão: Rodrigo Galindo, CEO da Kroton Educacional, construiu um império da educação superior. Agora, o executivo quer repetir a fórmula no ensino básico (Crédito: João Castellano/Ag. Istoé)

No segundo semestre do ano passado, Rodrigo Galindo, CEO da Kroton Educacional, e José Carlos Reis de Magalhães, o Zeca Magalhães, presidente da Tarpon Investimentos, tiveram alguns encontros para discutir a venda da Somos Educação, grupo de ensino básico controlado pela gestora de private equity e dono de escolas como Anglo, Sigma e Ser. Depois de algumas reuniões, a expectativa era que a transação fosse concluída sem grandes dificuldades. Porém, o desfecho não saiu como esperado e as partes não chegaram a um acordo financeiro.

“Tinha um espaço bem grande entre a proposta que fizemos e o valor que a Tarpon pedia”, diz Galindo. Na época, especulava-se que a diferença era de, aproximadamente, R$ 2 bilhões entre o que a Kroton queria pagar e o que a Tarpon desejava receber, como publicado na coluna MOEDA FORTE, em outubro de 2017. Quatro meses depois de encerradas as negociações, na quinta-feira 19 de abril, Galindo ligou para Zeca propondo uma reunião no dia seguinte. “Voltamos com uma oferta melhor, eles também cederam um pouco e conseguimos chegar a um acordo”, afirma o CEO da Kroton.

Durante o fim de semana, os executivos se debruçaram sobre o contrato e, em 48 horas, deixaram tudo pronto para anunciar a transação na manhã de segunda-feira 23. Por R$ 6,2 bilhões, a maior empresa de educação superior do Brasil passou a ser, também, a líder no ensino fundamental e básico. “Para a Kroton não interessava entrar no mercado sem ser a primeira. Se ela fosse comprar uma unidade em cada capital do Brasil e fazer a expansão o processo seria muito lento”, afirma Carlos Antonio Monteiro, presidente da CM Consultoria, especializada em educação.

A Tarpon ficará com R$ 4,5 bilhões, referente a participação de 73% no negócio. O restante será oferecido aos demais acionistas, por meio de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA). O negócio será fechado por meio da Saber, subsidiária da Kroton criada no início de abril para administrar suas operações de educação básica. “A entrada da Kroton deve ajudar no desenvolvimento das estratégias que a Somos já vinha implementando”, afirma Fernando Chayer, CEO da Somos Educação. “Enxergo a aquisição de uma forma muito positiva para a empresa.”

A combinação das duas operações resultará em uma receita líquida de cerca de R$ 7,4 bilhões, sendo R$ 5,5 bilhões da Kroton e R$ 1,9 bilhão da Somos. A geração de caixa (Ebitda) será de mais de R$ 3 bilhões. Segundo os cálculos da Kroton, os ganhos com sinergias serão de R$ 300 milhões ao longo dos próximos quatro anos, e virão de um melhor aproveitamento da malha logística, com o ganho de escala, e de melhorias de eficiência implementadas na operação da Somos. Mas, antes de realizar a OPA, a Kroton precisa receber a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). No ano passado, um negócio envolvendo a empresa foi barrado pelo órgão de defesa da concorrência.

 

 


Foto: Chaim Zaher: “A educação básica é um segmento que exige muita presença no dia a dia”, diz o presidente do Grupo SEB (Crédito:Amanda Perobelli/Estadao)

A fusão com a Estácio, que criaria uma gigante no ensino superior, foi rejeitada em razão da alta concentração nesse segmento, de mais de 30%. Com a reprovação da operação, as opções de crescimento da Kroton no ensino superior, via aquisições, se tornaram escassas. Os investidores temeram pelo futuro da companhia e o valor de mercado, que chegou a ser de R$ 34,7 bilhões, em outubro de 2017, caiu para R$ 21 bilhões em abril deste ano. “A compra da Somos se encaixou como uma luva. Foi uma excelente resposta a esses questionamentos”, diz William Klein, CEO da consultoria Hoper Educação. No entanto, o valor pago pelo negócio foi considerada elevado. O valor da Somos era de
R$ 3,7 bilhões, na sexta-feira 20. “Eles pagaram muito caro, não faz muito sentido”, afirma um executivo do mercado.

A aposta pode dar certo. A estratégia da Kroton para avançar nesse segmento começou a ser desenhada quase dois anos atrás. Em 2016, a empresa passou a realizar estudos específicos sobre esse mercado e contratou Mário Ghio, executivo com vasta experiência no ensino básico e que ocupou o cargo de CEO da Somos. Ghio está à frente da Saber e passa a ter 44 escolas próprias, três cursinhos pré-vestibular, 120 escolas de idioma, além de atender mais de 3,4 mil instituições por meio de seus sistemas de ensino (confira quadro abaixo). Ao todo, são 34,2 milhões de alunos atendidos pelos sistemas de ensino e livros didáticos. O segmento passará a representar quase um terço do faturamento da Kroton. Atualmente, a participação da vertente na receita líquida da companhia é de apenas 3%. A fatia inclui os negócios da rede Pitágoras e do Centro Educacional Leonardo da Vinci, de Vitória (ES), adquirido no início deste mês.

A operação abre as portas, de forma muito rápida, para um mercado extremamente pulverizado e que possui ainda poucas empresas relevantes operando. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), existem no Brasil 30,6 mil escolas particulares, enquanto no ensino superior são 2,4 mil faculdades. Além disso, o mercado de ensino básico movimenta, anualmente, R$ 101 bilhões, quase o dobro do superior. “O segmento de ensino básico oferece vantagens significativas em relação ao de educação superior. É duas vezes maior, com ciclos mais longos (de 10 a 12 anos), menor nível de competição e valuations mais atrativos para aquisições”, afirma Maria Tereza Azevedo, analista do Banco UBS, em relatório. A empresa de Galindo terá que correr contra a expansão dos concorrentes, que tem se movimentado para abocanhar a maior fatia possível desse mercado.


Foto: Visão otimista: Fernando Shayer, CEO da Somos Educação, assumiu o grupo há pouco mais de seis meses. Para ele, a venda para a Kroton será muito positiva e vai permitir acelerar o desenvolvimento da estratégia da empresa (Crédito:Nilani Goettems / Valor / Agência O Globo)

O Grupo SEB, por exemplo, fez duas aquisições neste ano: do colégio A e Z, do Rio de Janeiro, e Visão, de Goiânia, na esteira de uma série de outras compras já realizadas em 2017. O SEB deve anunciar uma nova aquisição no início de maio. “É um segmento que exige muita presença no dia a dia, contato intenso com os pais e que tem muitos alunos, e cada um com um perfil distinto”, afirma Chaim Zaher, presidente do Grupo SEB, dono de escolas como Pueri Domus e Concept. Recentemente, outros grupos também mostraram interesse pelo ensino básico: a holding Bahema, que comprou no ano passado 80% da Escola da Vila e 5% da Escola Parque, e o Grupo Eleva, que conta com Jorge Paulo Lemann como investidor e que também fez uma série de aquisições no ano passado.

A ideia da Kroton é aproveitar a pulverização do segmento para realizar novas aquisições de colégios e crescer também com aberturas, consolidando o mercado. “Nenhum grupo de educação tem hoje mais do que 1% de participação no mercado de escolas privadas. Existe um espaço imenso para crescer”, diz Galindo. Ainda neste ano, mais duas compras serão anunciadas. A primeira já está com o contrato assinado, e deve ser divulgada em junho, e a segunda está em vias de ser concluída. A Kroton está também em negociação avançada com mais duas instituições, mas os fechamentos desses contratos devem ficar para 2019. A empreitada da empresa para crescer no ensino básico, no entanto, não será fácil. Há um questionamento se a companhia, habituada ao ensino superior, conseguirá se adaptar as especificidades da educação básica.

Fonte: ISTOÉ Dinheiro

Boticário mira classe C e compra Vult

Boticário mira classe C e compra Vult

O Grupo Boticário deu ontem (9) um passo para se aproximar das consumidoras das classes C e D ao comprar a marca Vult, fundada em Mogi das Cruzes (SP) há 13 anos e que durante a crise econômica vinha crescendo entre 40% e 50% anualmente graças à sua proposta de preços baixos. O Boticário não revelou o valor da aquisição, mas a reportagem apurou que a receita anual da Vult hoje gira em torno de R$ 300 milhões.

Depois de lançar uma série de marcas próprias entre 2011 e 2013 – entre elas Quem Disse, Berenice?, Eudora e The Beauty Box – e de firmar sua marca principal nas vendas diretas, um território que tradicionalmente era ocupado por Avon e Natura, o Boticário agora dá passos para atuar no varejo multimarcas.

Embora a Vult tenha alguns pontos de venda próprios, em especial quiosques, fontes do setor de cosméticos dizem que o forte da empresa são as vendas em distribuidores, farmácias e supermercados.

Tendo como carro-chefe uma linha de maquiagem voltada às classes C e D, a Vult tem produtos vendidos a menos de R$ 10 – valor mais baixo do que o praticado pela Quem Disse, Berenice?, cadeia do Grupo Boticário voltada principalmente à maquiagem.

Crescimento. Nos anos de crise, entre 2015 e 2017, disse uma fonte do setor de cosméticos, a proposta de valor da companhia agradou às consumidoras e garantiu um forte crescimento à empresa. Hoje a empresa teria uma fatia de 30% no mercado multimarcas.

De acordo com dados da consultoria Euromonitor, a aquisição vai adicionar 4 pontos porcentuais à participação do Grupo Boticário no mercado nacional de maquiagem, do qual passará a deter mais de 15%. Será o suficiente para a empresa ultrapassar a Natura e conquistar a segunda posição no segmento, que continuará a ser liderado pela Avon, que detém 24% das vendas de maquiagem no País.

O negócio marca um raro movimento do grupo paranaense, que faturou R$ 12,3 bilhões no ano passado, com alta de 7% ante 2016, no mercado de fusões e aquisições. Em 2013, a empresa havia comprado uma fatia da distribuidora de perfumes Frajo, que também tem a Coty entre suas acionistas.

Comando. O Grupo Boticário passará a ser dono de 100% do negócio, mas os fundadores da marca, Murilo Reggiani e Daniela Cruz, permanecerão à frente do negócio, pelo menos neste primeiro momento. Procurados, o Grupo Boticário e os fundadores da Vult não quiseram dar entrevista. O Boticário alegou que o negócio depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para ser concluído.

Segundo apurou a reportagem, no entanto, Reggiani foi a força criativa por trás da criação da Vult, enquanto Daniela entrou com a maior parte do capital do negócio, aberto em 2004. Uma fonte próxima à empresa contou que, após quase se formar em engenharia, o empresário decidiu se dedicar à venda de cosméticos.

Começou trabalhando para a Max Love, mas, depois de essa empresa enfrentar dificuldades, decidiu abrir seu próprio negócio. 

Fonte: http://fusoesaquisicoes.blogspot.com.br

McCain do Brasil compra 49% de participação na Forno de Minas

McCain do Brasil compra 49% de participação na Forno de Minas

A McCain do Brasil Alimentos, fabricante de batatas pré-fritas e congeladas, fechou acordo para adquirir 49% de participação no capital da Forno de Minas Alimentos. O valor da aquisição não foi divulgado. Como parte do acordo, os acionistas fundadores da Forno de Minas — Helder Couto de Mendonça, Maria Dalva Couto Mendonça, Hélida Stael Mendonça Vicente Camiloti — vão aportar suas ações na TPZ Participações, que será transformada em uma sociedade anônima de capital fechado. A TPZ vai controlar a Forno de Minas.

A McCain vai adquirir todas as ações que pertencem atualmente à Mercatto Alimentos Fundo de Investimento em Participações Empresas Emergentes. Na sequência, vai aportar as ações na TPZ Participações. Em seguida, a McCain vai adquirir parte das ações de emissão da TPZ detidas pelos acionistas fundadores. E fará um aumento de capital na TPZ.

Os acionistas fundadores e a McCain assinarão um acordo de acionistas na TPZ, pelo qual será regulada a governança entre os acionistas na administração da TPZ e da Forno de Minas.

Após esse processo, a McCain do Brasil deterá 49% de participação na TPZ; os fundadores terão os outros 51%.

Fonte: Valor Econômico | Cibelle Bouças