Quando uma empresa familiar contrata uma consultoria para melhorar a sua governança corporativa é porque está passando por um período muito importante, seja para crescer, preparar o processo sucessório, buscar um financiamento ou outro fator semelhante. “Com o mundo mais globalizado, os negócios acabam exigindo mais transparência das companhias e a contratação de uma consultoria externa funciona como um indutor de transformação”, explica André Ferreiro, sócio da EY.

A GGD Metals é um exemplo típico. Tipicamente familiar, nasceu há 25 anos, criada pelo empresário João Dias e, ao longo de sua história, para crescer, foi abrindo outras empresas. No final, eram três organizações que competiam entre si, a RCC Metais, a Açometal e a Domave. E que também começaram a atrair a atenção de investidores estrangeiros. Assim, em 2006, o empresário e seus três filhos (cada um deles no comando de uma unidade) se viram diante de um dilema: crescer devagar, mantendo a estrutura familiar, ou profissionalizar. A decisão foi profissionalizar.

André Dias, 35 anos, o filho mais velho e que comandava a Açometal, lembra que o processo não foi fácil. Ele, o pais e os irmãos Eduardo (que cuidada da RCC Metal) e Fábio (da Domave) fizeram várias reuniões, já com a presença de consultores e advogados.

“Nosso objetivo era discutir os anseios individuais e definir, com clareza, o papel de cada um na gestão da empresa que estava nascendo”, explica André. Foi assim que, em 2008, a companhia passou a ser uma S/A de capital fechado, passou a funcionar em apenas um endereço e focada na venda e importação de aço. A governança, sem dúvida, melhorou muito. Hoje a GGD Metals tem um conselho administrativo, publica balanços e é auditada.

Dias calcula que os gastos com a primeira consultoria foram de cerca de R$ 300 mil. Depois, vieram várias outras para melhorar ainda mais a gestão e a governança. Ele considera que valeu a pena pagar cada centavo. “Hoje vejo muitos concorrentes, que optaram por manter a estrutura antiga, quebrando por causa da crise econômica, enquanto nós estamos crescendo cada vez mais”, comemora. Em 2015, o faturamento da GGD foi de R$ 100 milhões.

Quando decidiu que queria crescer, a empresária Barbara Kemp também procurou uma consultoria. Ela e o marido, Rogério, abriram a Kemp há 10 anos, especializada no gerenciamento de obras e reformas e que tem entre seus clientes a TAM, Santander, Renner e O Boticário. “Até então, a gente trabalhava e não pensava no futuro”, lembra Barbara. Em 2013, pagaram cerca de R$ 250 mil pela consultoria. Porém, o resultado não foi o esperado, pois processos não funcionavam a contento. Ela decidiu fazer cursos de gestão da Fundação Getulio Vargas.

Passou a investir na redefinição e criação de processos, um novo sistema para a área contábil e financeira, melhorou os fluxos internos, criou um departamento de RH, investiu em treinamento e no departamento comercial, além de rever todo o material de marketing e o site. “Temos maior transparência, a nossa contabilidade é auditada e queremos crescer cada vez mais”, afirma a dona da Kemp, que faturou R$ 24 milhões em 2015.

Créditos: Rose Guirro | Para o Valor, de São Paulo