A revolução nos Custos e a Excelência Empresarial

“Só existem dois tipos de empresas as que controlam seus custos rigidamente e as que desaparecem do mercado”.  Michael Porter

 Muitas empresas, principalmente em épocas de vacas gordas, conviveram por muito tempo com um confortável ambiente de pouca competitividade. A última década foi de bonança, e as organizações conseguiam fixar preços em níveis que ofereciam um patamar atraente sobre o investimento realizado.

Porém, os tempos de voar em céu de brigadeiro acabaram e vivemos um tsunami em nossa economia que culminou no desaquecimento forte do crescimento, provocando a diminuição das vendas, preços decrescentes e queda na lucratividade.

Infelizmente, apenas nos momentos difíceis é que muitos empresários resolvem agir e implementar ações, A principal delas é sair cortando, indiscriminadamente, os custos, o que, na maioria das vezes, gera prejuízos expressivos, a médio e longo prazo.

Estudo realizado em 2015 pela Consultoria PRICE – PwC conclui que o corte indiscriminado de custos não surte bons efeitos em época de crise. Na pesquisa realizada, a política das empresas de cortar custos quando a situação aperta, foi chamada de efeito serrote,  apontou que 60% das companhias não atingiram a meta. Como diria, com uma boa dose de sarcasmo, Pedro Malan: “Para todo problema complexo, sempre há uma solução fácil e errada”.

Como conseguir manter os níveis de lucratividade e rentabilidade nesse cenário desfavorável? Ou melhor, como sobreviver?

Uma das formas mais eficazes é controlar e gerir rigidamente os custos e resultados. Esta é a chave. Podemos mexer em inúmeras outras variáveis (melhoria da tecnologia, melhoria dos controles de produção, etc…. ), mas se não atuarmos diretamente no controle apurado dos custos, nada terá resultado positivo.

Dificilmente as empresas terão condições de repassar para os clientes os seus “furos” de gestão, como acontecia no passado.

 O mercado mudou, e, principalmente, o mercado tornou-se o único controlador dos preços finais dos serviços e produtos. Essa é uma dura e inequívoca realidade.

Controlar e gerir custos e resultado estrategicamente significa:

  • Obter informações confiáveis para a tomada de decisão
  • Estabelecer estratégias além de curto, de médio e longo prazo
  • Obter melhoria na lucratividade dos produtos e serviços
  • Estar preparado para períodos difíceis, como o que estamos vivenciando
  • Conhecer o ROI (retorno sobre investimento) de cada investimento, de cada novo projeto
  • Avaliar resultado e performance das unidades de negócios e clientes
  • Apurar, analisar custos de produtos e agir cuidadosamente
  • Negociar com os clientes em situação mais favorável, pois a empresa terá total controle dos custos e lucratividade de cada operação
  • Calcular preços dos produtos e serviços e elaborar estratégias comerciais cirúrgicas
  • Além de muitas outras formas de gerar excelência empresarial

 

Se não dá para alargar as ruas, vamos estreitar os carros.

Mais como cortar CUSTOS de forma eficiente?

Propomos a seguir algumas dicas e pontos importantes para uma Gestão Agressiva e Inteligência de Custos propiciando a Otimização efetiva dos Resultados, não só a curto, mas a médio e longo prazo:

  • A administração de custos tem que fazer parte da cultura organizacional no momento bom e também no momento ruim
  • Trabalhar a gestão de custos de forma estratégica. Um Programa de Custos para gerar resultados demora meses. Na pesquisa realizada pela PRICE – PwC os principais resultados foram gerados após o primeiro ano do Projeto de Custos
  • Mapeamento criterioso dos gastos e o envolvimento de TODAS as áreas. Cortes lineares só prejudicam os bons gestores. Quando uma empresa determina um percentual geral de redução, as áreas bem geridas não terão saídas senão cortar na própria carne, comprometendo a eficiência no longo prazo. Por outro lado, áreas sem essa preocupação até apresentam gordura para queimar
  • Introduza uma cultura de métricas, de forma a estruturar a empresa dentro de um rígido controle estratégico. O desafio é medir. Não há estratégia se não há medição e informações gerenciais
  • Desenvolva o COMITÊ DE CUSTOS, com responsáveis, prazos e metas a serem alcançadas, alinhadas a estratégia geral da empresa. A participação dos LÍDERES é Imprescindível. A responsabilidade pelo alcance das metas estabelecidas tem que ser do gestor de cada área
  • Selecione os principais gastos da empresa e defina os PACOTES de CUSTOS, elegendo responsáveis para cada um e também metas de melhorias. Custos que não tem dono não são controlados
  • Defina muito bem quais são custos estratégicos (aqueles que realmente são percebidos e valorizados por quem compra os serviços e produtos) dos custos que NÃO agregam valor ao cliente. TODO gasto que não agrega valor NA VISÃO DO CLIENTE deverá ser, dentro do possível, eliminado. Um exemplo simples: Área de retaguarda, o famoso backoffice, apesar de importante para as companhias, não gera nenhum valor agregado para o cliente, por isso devem ser a mais enxuta possível
  • Trabalhe cuidadosamente e com muita estratégia o conceito dos custos fixos e custos variáveis da empresa. O ideal é ficar muito atento aos custos fixos da empresa, pois nos momentos de turbulência, principalmente, eles são os grandes inimigos do DESEMPENHO. Tente transformar os gastos fixos em variáveis, pois em tempos de crise a empresa sentirá muito menos, especialmente, organizações que atuam em segmentos com baixo índice de lucratividade como supermercado, operadora de saúde, postos de combustível, que costumam ter resultado final entre 1% e 3% e qualquer uso indevido dos recursos pode comprometer a saúde financeira e performance da empresa
  • É FUNDAMENTAL agregar na equipe pessoas conhecedoras (consultorias, executivos, acadêmicos, expert no assunto) que possam trazer metodologia, conhecimento técnico, boas práticas e serem referências no processo de mudança de mentalidade e desenvolvimento do projeto de custos
  • Por fim faça um acompanhamento rigoroso e sistemático dos custos e resultado e muita AÇÃO. Não deixe de fazer o que tem que ser feito, mesmo que doloroso

Este e os próximos anos serão decisivos para as empresas. Só sobreviverão aquelas que estiverem absolutamente conscientes da importância do controle e estratégia de custos, com informações online, das suas atividades. Só ficarão no mercado as organizações que enxergarem uma das únicas e inevitáveis formas de gestão empresarial de sucesso: Controle rígido e absoluto dos custos operacionais e sua gestão inteligente e eficaz.

Afinal “É no momento hostil que você difere os verdadeiros empreendedores daqueles que apenas tem boas ideias”.  Salim Mattar – Executive Chairman da Localiza.

Autor: Marco Aurélio Rodrigues