Conheça a Ant Financial, a startup mais valiosa do mundo

Conheça a Ant Financial, a startup mais valiosa do mundo

Foto: Jack Ma, CEO da Alibaba: ele manteve o controle da operação e agora prepara IPO (Crédito: TPG/Getty Images)

Bilhões de sorrisos

A Ant Financial, controlada pela Alibaba, de Jack Ma, está prestes a se tornar a startup mais valiosa do mundo, avaliada em inacreditáveis US$ 150 bilhões

Quem entra hoje em uma loja na China pode pagar com um sorriso. Isso graças a tecnologia de reconhecimento facial da Ant Financial, empresa de meio de pagamentos controlada pela gigante chinesa de comério eletrónico Alibaba. Mas é o CEO Jack Ma, seu dono, quem deve abrir um largo sorriso em breve, se for confirmado o aporte de US$ 10 bilhões de fundos de investimento, como o Carlyle Group e o Canada Pension Plan Investment Board. Prevista para ocorrer neste mês de maio, a transação transformará a Ant Financial na startup mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 150 bilhões. Até o momento, o aplicativo de transporte Uber ocupa o topo do ranking das maiores empresas iniciantes, com um valor de
US$ 72 bilhões.

De acordo com o jornal britânico Financial Times, a Ant Financial enviou um documento para potenciais investidores, na quarta-feira 16, onde declara ter 622 milhões de usuários nos 70 países em que oferece o serviço de meio de pagamento Alipay. São consumidores que não pagam mais com dinheiro em papel, preferindo usar o QR, espécie de código de barras em formato quadrado. Até então, a empresa informava o número de 520 milhões de usuários. O número de investidores na esperada rodada de financiamento já atingiu o limite previsto, segundo o jornal britânico.

A Ant Financial foi desmembrada da Alibaba em 2011, mas Jack Ma manteve o controle da operação. Em fevereiro, a empresa-mãe adquiriu 33% de sua afiliada por valor não revelado. Toda a movimentação deste ano seria uma preparação para a abertura de capital, que deve ocorrer ainda em 2018. Os números chineses fazem a concorrência parecer pequena. Fora da China, o maior rival é a americana Paypal, presente em 200 países, onde atende 237 milhões de usuários. O contraste com os 622 milhões de usuários da Alipay se explica pelo fato de que não se usa mais dinheiro em papel nas grandes capitais da China. Por lá, as plataformas de pagamento móvel movimentaram US$ 15,4 trilhões ano passado, de acordo com o QuestMobile, empresa de pesquisa asiática. É um valor 70 vezes maior do que nos Estados Unidos, que movimentou US$ 220 bilhões em 2017. A expectativa é que o meio de pagamento seja a porta de entrada para outros serviços. “Ele é uma forma fantástica de iniciar uma população enorme no uso de aplicativos móveis”, diz Jeffrey Towson, professor da Universidade de Pequim. “A partir dele, será possível construir uma superplataforma de serviços financeiros para os consumidores chineses.”


Foto: Sem papel: pagamento digital móvel movimentou US$ 15,4 trlhões na China em 2018 (Crédito:Xinhua/Xu Kangping)(mcg/wyo)

Enquanto planeja a diversificação de produtos em casa, Jack Ma trabalha para ampliar o número de usuários fora da China. A princípio, a estratégia da Ant Financial é ir atrás dos turistas chineses, o que significa mais de 120 milhões de pessoas. No topo da lista estão países como Japão, Coreia do Sul e Tailândia. Nesse caso, a facilidade é que eles já estão acostumados com o pagamento via código QR. O que não quer dizer que Ma não deva investir no Ocidente. Estados Unidos e países europeus também estão na lista, ainda que sejam somente por se tratar de destino dos turistas chineses.

Para realizar essa expansão, a Ant Financial terá de adaptar seu aplicativo aos países em que pretende atuar, além de buscar parcerias locais. Analistas estimam que a companhia também deve investir até US$ 4 bilhões em subsídios para o varejo, em redes como Carrefour, bandeiras de cartão de crédito e comércio em geral. Convencer o ocidental a usar a Alipay seria o passo seguinte, mas essa é uma tarefa difícil. “Entender os costumes de compra estrangeiros é um desafio para eles. Mercados como o brasileiro não são fáceis de conquistar se a empresa não fizer uma aquisição”, diz Kapron. Por essa razão, é improvável que a Ant Financial chegue ao Brasil no curto prazo.

Os 70 mil turistas chineses que vem ao País anualmente não justificariam uma grande operação. Entretanto, o mercado local é muito semelhante ao ambiente em que a empresa cresceu dez anos atrás na China: população não bancarizada e com forte uso de smartphones. “O nível de maturidade de Brasil e China é parecido: baixa adoção de cartão de crédito e varejo menos sofisticado”, diz In Hsieh, cofundador da China Brazil Internet Promotion (CBIPA). Portanto, pode demorar, mas ainda é possível que Jack Ma venha a fazer os usuários sorrirem no Brasil na hora de pagar.

Fonte: ISTOÉ DINHEIRO

Balanço/Número de Operações de Fusões e Aquisições de Maio/18 | Brasil

Balanço/Número de Operações de Fusões e Aquisições de Maio/18 | Brasil

BRASIL

Relatório Mensal
Maio · 2018

  • Empresas de tecnologia são as que atraem mais investimento de venture capital
  • Investimento de fundos de Private Equity e Venture Capital estrangeiros aumenta 36%

Panorama Transacional

Este é o mês de maio menos dinâmico dos últimos dois anos, em volume e valores transacionados. Assim como ocorreu em abril, maio também contribuiu para mais uma redução acumulada, com 15% de queda no número de transações. Porém, manteve-se a tendência de alta no valor total year to date , devido a grandes transações anunciadas em maio, como a venda da participação da CSN Steel na Companhia Siderúrgica Nacional US por aproximadamente BRL 1,48bi.

Operações cross-border

As aquisições de empresas brasileiras por parte de estrangeiras segue com dinamismo, foram 84 transações registradas desde janeiro. Neste contexto, o interesse por empresas que atuam no segmento de Tecnologia e Internet aumentou 24% comparado ao mesmo período do ano anterior.  As empresas norte-americanas são as mais ativas, com 32 transações, seguidas pelas francesas com um total de seis.

Transação do mês

A aquisição total do capital social da Piraquê  pela M. Dias Branco foi concluída. Os compradores tiveram assessoria jurídica do TozziniFreire Advogados e os vendedores do L. O. Baptista Advogados. A Piraquê teve assessoria financeira da Vinci Partners e do Banco Itaú BBA, e jurídica do FreitasLeite Advogados.

Fonte: TTR = Transactional Track Record

Grupo Compra Fatia da Toro Investimentos

Grupo Compra Fatia da Toro Investimentos

Foto: João Resende, Guilherme Alves, Gabriel Kallas, Márcio Placedino e Gustavo Mendes criaram a Toro há oito anos

Aporte por 25% da startup mineira totalizou R$ 46 milhões e possibilitará a criação de uma corretora

Com oito anos de operação em Belo Horizonte, a startup Toro Investimentos, que é especializada em educação financeira, experimenta um momento de guinada em sua trajetória. A empresa anunciou, recentemente, a venda de 25% de suas ações a um grupo de investidores, que aportou R$ 46 milhões no negócio. O investimento possibilitará à startup ser uma das primeiras fintechs do Brasil a construir, do zero, uma corretora de valores.

O sócio-fundador da Toro, Gabriel Kallas, explica que a venda de parte das ações da startup foi efetuada há cerca de um ano, mas só agora a empresa anunciou a transação. A divulgação acontece no mesmo momento em que a empresa anuncia a autorização do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que a empresa opere como corretora de valores. A mudança de estratégia faz parte do plano de expansão da Toro Investimentos a partir do aporte recebido pelo grupo de investidores.

“A empresa nasceu em um escritório de 20 metros quadrados focada na educação financeira. Durante esses oito anos ajudamos as pessoas a investirem melhor por meio de cursos, análises e recomendações. Até então crescemos com recursos próprios, mas no momento que entendemos que a estratégia seria criar a nossa própria instituição financeira percebemos que teríamos que entrar num jogo de grandes players. Manteríamos a alma de fintech, mas precisávamos de recursos e musculatura para brigar nesse mercado. Por isso optamos pela rodada de investimento”, explica.

Segundo Kallas, a startup buscou investidores no mercado que agregassem com conhecimento de mercado e gestão. Foi o caso de um dos fundadores da Localiza, Eugênio Mattar, que faz parte do grupo de investidores que aportou R$ 46 milhões na Toro Investimentos, adquirindo 25% de suas ações. “Buscamos pessoas com visão de gestão corporativa e com expertises diversas que podiam agregar à nossa operação”, completa.

Pioneira – O empreendedor explica que o aporte deu condições à startup a construir, do zero, uma corretora de valores. Isso torna a Toro Investimentos uma das primeiras fintechs a terem sua própria instituição financeira. Kallas não detalha o modelo de negócio da nova corretora, que ainda é sigiloso, mas garante que a proposta é oferecer uma experiência nova em investimento, se destacando do modelo tradicional existente no mercado.

“Hoje as pessoas enfrentam três grandes obstáculos na hora de investir: a falta de opções, uma vez que ficam presas à carteira do banco; a complexidade dos novos tipos de investimentos e ausência de educação financeira. Nós vamos resolver isso combinando a liberdade de escolha entre vários tipos de investimento, a simplicidade nas operações e a educação financeira. Dessa forma, vamos devolver ao cliente a capacidade de tomar decisões do seu investimento”, garante. A empresa já iniciou o pré-lançamento da corretora no portal www.toroinvestimentos.com.br. Nesse endereço é possível solicitar um convite para utilizar gratuitamente a plataforma de investimentos.

A expectativa do empreendedor é, até o fim do ano, fazer da Toro Investimentos a segunda corretora no País que mais cresce em abertura de contas. Além disso, ele pretende ensinar, por meio de sua plataforma, mais de 5 milhões de pessoas a investir melhor. Isso representa um crescimento de cinco vezes em relação ao número de pessoas já impactadas pela startup nos últimos oito anos.

Fonte: Diário do Comércio

Fusões e Aquisições movimentam R$ 21 bilhões em abril

Fusões e Aquisições movimentam R$ 21 bilhões em abril

  • Mês fecha com 65 transações
  • Investimentos de Venture Capital movimentam R$ 189,8 milhões no mês, alta de 16% 

O mês de Abril registrou 65 transações de fusões e aquisições de empresas no mercado brasileiro, o que equivale a uma queda de 29,3% em relação ao mesmo mês de 2017, quando foram anunciadas 92 operações, segundo os números publicados no Relatório Mensal da Transactional Track Record (TTR), em parceria com LexisNexis e TozziniFreire Advogados.  Em volume financeiro, essas transações movimentaram, entre as 28 que tiveram seus valores revelados, R$ 21,2 bilhões, alta de 193,76% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Nos primeiros quatro meses do ano, já foram anotados 305 anúncios de operações de compra e venda de participação envolvendo empresas brasileiras. Número inferior ao registrado em 2017 e 2016, 355 e 306, respectivamente. Das operações de 2018, 129 tiveram seus valores divulgados, somando R$ 85,8 bilhões, total 48% acima do que foi registrado no ano passado.

O segmento Tecnologia segue o mais atrativo no mercado brasileiro. No mês, foram 15 transações, que somadas às anteriores alcançam 68 operações, aumento de 10% comparado ao ano anterior. O crescimento dos investimentos no setor acompanha a alta de 50% das aquisições estrangeiras nos segmentos de Tecnologia e Internet.

No apanhado do ano, Financeiro e Seguros aparece estável na segunda colocação, com 34 operações, enquanto Saúde, Higiene e Estética, 30, Consultoria, Auditoria e Engenharia, 23, revelaram declínio de 14% e 28%, respectivamente.

Operações cross-border

No âmbito inbound, em que empresas estrangeiras adquirem companhias brasileiras, foram contabilizadas 73 operações de compra desde o início de 2018. Apesar de seguir como o país com o maior número de aquisições no mercado brasileiro, contabilizando 25 transações, que juntas somam R$ 2,6 bilhões no ano, as operações norte-americanas não foram suficientes para ultrapassar os valores investidos por empresas japonesas no Brasil no período.

Os quatro investimentos de empresas do japão totalizaram R$ 3,7 bilhões, valor composto em sua maior parte pela alienação da Embraco pela Whirlpool Corporation para a fabricante de motores elétricos japonesas Nidec Corporation,.

China e Suíça também ultrapassaram a marca de um bilhão de reais em investimentos, tendo aportado, R$ 1,9 bilhões e R$ 1,3 bilhões cada.

O setor de Tecnologia foi aquele que mais recebeu aporte de empresas estrangeiras em 2018. Destaque também para Financeiro e Seguros e Consultoria, Auditoria e Engenharia.

Já as empresas brasileiras fizeram 10 aquisições no mercado externo, incluindo a compra de uma participação de 10% na britânica Oxis Energy pela Confrapar por R$ 17 milhões em abril. A Oxis Energy desenvolve e fabrica baterias de lítio-enxofre (Li-S).

No mesmo mês, a Sense Bike, empresa brasileira especializada em modelos de bicicletas de alumínio, também anunciou a aquisição da sul-africana Swift Carbon, que fabrica modelos em fibra de carbono, por R$ 20 milhões.

Private Equity e Venture Capital

Nos cenários de private equity e venture capital, o mercado continua com um panorama positivo. Os números refletem a retomada dos investimentos dos fundos estrangeiros em empresas brasileiras, foram 27 operações no ano e alta de 58,82% nos aportes.

Entretanto, abril não trouxe bons resultados para os investimentos da modalidade private equity. Ovolume financeiro das operações teve queda de 75% no número de deals – apenas dois registrados, e de 94% no volume financeiro, R$ 28 milhões aportados. Porém, no ano, o total investido segue em alta, com crescimento de 93% face ao ano anterior, com R$ 3,4 bilhões investidos.

Nos investimentos de venture capital, o panorama é diferente. Das 71 transações assinaladas no TTR desde o inicio do ano, 8% acima do que foi anunciado no mesmo período do ano anterior, 41 revelaram valores que somam R$ 1,39 bilhões, alta de 114% em comparação ao período homólogo de 2017.

Em abril, das 19 operações, 10 revelaram dados financeiros que demonstraram uma  movimentação de R$ 189,8 milhões, crescimento de 16% comparado ao mesmo mês do ano anterior.

Dentre as transações que ajudaram a compor os números de venture capital em abril está a ContaAzul, plataforma de gestão em nuvem para pequenas empresas, que captou R$ 100 milhões em rodada de investimentos liderado pela norte-americana Tiger Global Managment e seguida pelo fundo Endeavor Catalyst.

O setor de maior crescimento no acumulado dos quatro primeiros meses do ano foi Financeiro e Seguros – 200%, enquanto o que apresentou mais transações, 37, foi Tecnologia.

Transação TTR do Mês

A conclusão da aquisição do controle da Cremer pela CM Hospitalar por R$ 506,71 milhões foi eleita pelo TTR como a transação do mês em abril. A CM Hospitalar, empresa distribuidora de medicamentos e produtos para a saúde, finalizou a operação de compra da participação societária de 88,52% detida pelo Tabaqui FIP no capital social da Cremer, que registrou faturamento de R$ 870 milhões em 2016.

A CM Hospitalar foi assessorada na transação pelo Banco Itaú BBA e pelos escritórios Lefosse Advogados e CM Advogados. Enquanto a Tambaqui FIP recebeu assessoria jurídica de Stocche, Forbes, Padis, Filizzola, Clapis, Passaro, Meyer e Refinetti Sociedade de Advogados.

 

Rankings Financeiros e Jurídicos

O pódio do ranking TTR de assessores financeiros por valores das transações e número de transações é liderado em fevereiro pelo Banco Itaú BBA, com acumulado de R$ 51,9 bilhões nos primeiros quatro meses do ano. Na sequência, Riza Capital, com R$ 41,8 bilhões, e Morgan Stanley, com R$ 39,9 bilhões.

O ranking de assessores jurídicos por valor é liderado por Cescon, Barrieu Flesch & Barreto Advogados, com R$ 46,6 bilhões, seguido por Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, com R$ 42,3 bilhões, e TozziniFreire Advogados, R$ 38,7 bilhões, na terceira posição. Por número de transações o ranking é liderado por Demarest Advogados, 16 operações, com Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, 15, com a segunda colocação, e TozziniFreire Advogados, 14, na sequência.

Fonte: TTR Blog

Startups atraem recursos de famílias ricas

Startups atraem recursos de famílias ricas

Foto: A Singu, dirigida por Tallis Gomes, captou R$ 10 milhões com investidores pessoa física e “family offices”, fundos que gerenciam fortunas familiares.

Com a queda dos juros e o aparecimento de negócios de grande projeção e valor de mercado bilionário, as startups têm atraído um perfil de investidor até agora pouco habituado a essas iniciativas: os fundos de investimento que gerenciam as fortunas das famílias mais ricas do Brasil, os “family offices”.

Os objetivos desses investidores são claros: buscar rentabilidade alta; obter contato com jovens empreendedores e diferentes modelos de atuação; e, quando tudo dá certo, gerar negócios. “Quem está buscando investimento hoje está batendo na porta desses ‘caras'”, diz Tallis Gomes, fundador do aplicativo Easy Taxi, referindo-se aos “family offices”.

Gomes, há dois anos, começou a dirigir uma nova empresa, a Singu, que acaba de concluir sua primeira rodada de investimento. A empresa opera nos mesmos moldes da Easy, só que em vez de conectar passageiros a motoristas de táxi, liga manicures, massagistas e depiladoras a potenciais clientes.

A empresa captou R$ 10 milhões com investidores pessoa física e “family offices”.  Entre os nomes estão as famílias fundadoras das duas grandes empresas de cosméticos e beleza da América Latina, cujos nomes são mantidos em sigilo. Um desses investidores terá assento no recém-criado conselho da startup, composto por quatro pessoas.

“Esses investidores têm uma empresa por trás, por isso têm interesse em se conectar com o que há de mais novo no mundo da tecnologia, saber o que está acontecendo. É um jeito de se defender do que pode vir e não ser surpreendido”, diz o estrategista de um “multi-family office”, que administra recursos de diversas famílias. Segundo ele, clientes têm trazido nomes de startups com mais frequência. Recentemente, o aplicativo espanhol Cabify entrou no radar. Nesses casos, a escolha sobre investir ou não acaba cabe ao cliente. “Não temos um histórico, ou as ferramentas para analisar [opotencial do negócio]. Fazemos a conexão entre as pessoas”, diz.

Rodrigo Borges, sócio da Domo Invest, que montou um fundo de capital de risco para investir em startups com recursos de “family offices”, diz que as tratativas com fundos de famílias individuais têm sido mais produtivas porque as conversas acontecem com quem toma a decisão.

Na primeira rodada de captação de seu fundo em 2017, a Domo recebeu recursos de sete famílias. Para a próxima rodada, que começa em abril, o objetivo é conseguir um número menor de famílias, com valores maiores. Os aportes, segundo Borges, têm ficado entre 2% e 5% do capital de seus respectivos fundos. O objetivo da Domo é captar um total de R$ 100 milhões para aplicar em 20 startups. Até agora, dois investimentos foram anunciados (NoVerde e AgendaEdu) e mais dois contratos foram assinados.

Borges observa que o interesse dos “family offices” em startups vem na esteira de aportes estrangeiros feitos em empresas como a 99 (vendida em janeiro à chinesa Didi, sob um acordo que atribuiu um valor de mercado de US$ 1 bilhão à companhia) e o Nubank, que levantou, no começo de março, US$ 150 milhões de sete fundos internacionais, sob um valor de mercado de mais de US$ 2 bilhões.

“Quando o cenário muda e o Brasil deixa de ser de alto risco, o capital internacional vem e os grandes negócios acontecem. E isso estimula o investimento nas empresas iniciantes, porque abre uma possibilidade de venda de participação lá na frente”, diz Borges. Para ele, essa ampliação do acesso ao capital de risco é fundamental para as startups. “Não dá para ficar restrito só ao pessoal de internet [ex-executivos ou empreendedores que conseguiram vender um negócio ].”

Segundo a Associação Latino-Americana de Private Equity & Venture Capital (Lavca), os investimentos em operações de capital de risco no Brasil somaram US$ 859 milhões no ano passado, com 113 negócios. Foi um avanço considerável frente aos US$ 279 milhões e 64 negócios de 2016.

O total investido foi impulsionado pelos US$ 200 milhões que SoftBank, Didi Chuxing e Riverwood Capital colocaram na 99 e pelos US$ 135 milhões que a Movile captou com a Naspers e a Innova Capital em duas rodadas.

Na Singu, os recursos captados serão investidos em tecnologia, pessoal, marketing e no desenvolvimento de novas linhas de receita. Mas a relação com um “family office” e seus mantenedores pode ter benefícios que vão além do dinheiro. “Startups estrangeiras têm buscado investidores brasileiros para ajudar a ampliar mercado por aqui”, diz o executivo do multi-family office.

O Valor apurou que, nos últimos meses, Cabify, Uber e Spotify entraram no radar dos investidores. O Spotify, que estreará na bolsa de Nova York em 3 de abril, teria levantado mais de US$ 20 milhões com famílias brasileiras.

O investimento em empresas estrangeiras pode ser feito por meio de fundos específicos registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além de recursos depositados fora do Brasil. Nesse caso, a negociação tem quem ocorrer fora do território nacional.

A HMC Itajubá, que faz assessoria para investidores internacionais na América Latina, fechou uma parceria com a GSV Capital, um dos mais importantes fundos de investimento do Vale do Silício, que tem US$ 1 bilhão em ativos e já colocou dinheiro em companhias como Coursera, Dropbox, Lyft e Uber. Segundo Agnaldo Andrade, sócio da HMC, a ideia é montar veículos específicos no país que deem acesso a investidores locais ao portfólio da GSV.

Com a iniciativa, afirma Andrade, a proposta é criar uma cultura de investimento global no Brasil. “O talento está distribuído de forma balanceada no mundo, mas as oportunidades, não. O nosso modelo de atuação quer criar uma rede global que conecte as companhias além do Vale do Silício”, disse ao Valor, Michael Moe, fundador da GSV, durante visita ao Brasil na semana passada.

Para o executivo, o país é candidato a receber um dos 40 centros de inovação que a GSV pretende instalar ao redor do mundo. “O Brasil está no ritmo clássico de desenvolvimento do mercado. Há 15 anos, o Vale do Silício só tinha um unicórnio [startup com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão]”, disse.

Fonte: Gustavo Brigatto | Valor Econômico

3corações acelera expansão com outra aquisição no país

3corações acelera expansão com outra aquisição no país

O Grupo 3corações, líder no mercado de café no Brasil, deu mais um passo em sua estratégia de apostar em marcas locais como uma das formas de alavancar o seu crescimento. A empresa, joint venture entre a São Miguel Holding e a israelense Strauss, acaba de fechar a aquisição das marcas e maquinários da Café Manaus, que tem sede na capital amazonense e pertencia à família Assayag.

Foto: Pedro Lima – Aposta em marcas regionais para se aproximar do consumidor

Essa é a quarta aquisição feita pelo grupo desde 2016, um sinal de que no pulverizado segmento de café brasileiro, há bastante espaço para consolidação. No começo de 2016, a 3corações adquiriu
as marcas de café e derivados da Cia Iguaçu de Café Solúvel e no primeiro semestre do ano passado, comprou em leilão a marca pernambucana Cirol. No segundo semestre de 2017 também adquiriu a marca Toko, de Juiz de Fora (MG). De 2015, antes dessas aquisições, até o ano passado, a receita líquida da empresa subiu 46%, para R$ 3,7 bilhões.

A 3corações não está sozinha nesse movimento de consolidação. Em 2016, a Jacobs Douwe Egberts (JDE), segunda maior em café torrado e moído no país e dona da marca Pilão, adquiriu o Grupo Seleto e, no ano passado, comprou o portfólio de marcas locais de café da Cia Cacique, entre elas Pelé e Graníssimo. Já a Melitta adquiriu, em 2017, as marcas mineiras de café Barão e Forte D+ e maquinários do Grupo Mogyana, de Piumhi (MG). Comprou ainda uma estrutura fabril em Varginha (MG) para instalação de sua terceira unidade de produção de café no país.

Em entrevista ao Valor, o presidente do Grupo 3corações, Pedro Lima, afirmou que, com as recentes aquisições, a empresa aposta em “marcas clássicas, para se aproximar do consumidor” local. Dentro dessa estratégia, a 3corações conta com a fidelidade do consumidor a marcas regionais de café, um fato usual nesse mercado no Brasil.

A transação fechada há cerca de 15 dias – após mais de um ano de negociação – inclui a marca Café Manaus, Café Tapajós e Café Betania. Segundo Lima, paralelamente à aquisição dos ativos, a 3corações constrói uma fábrica em Manaus para torrefação de café e um novo centro de distribuição. A unidade começou a ser construída no fim de 2017 e deve entrar em operação em julho
deste ano. Por enquanto, as marcas adquiridas estão sendo produzidas na unidade antiga da Café Manaus, explicou.

Por questões de confidencialidade, o presidente da 3corações não revela o valor do negócio, mas informou que a compra dos ativos da Café Manaus e a construção da nova fábrica demandaram cerca de R$ 70 milhões.

A 3corações já tem presença relevante no Amazonas e com o Café Manaus vai ampliá-la. A empresa atua na região principalmente com a marca Santa Clara, que tem 40% de “share” de mercado, segundo Lima. A marca Café Manaus tem outros 25% do mercado local, acrescentou. Afora as marcas de café torrado e moído, a transação com a Café Manaus envolveu as linhas de solúvel e capuccino. As cápsulas com a marca Café Manaus deixarão de ser produzidas.

O faturamento que a nova aquisição vai agregar à receita do Grupo 3corações “não é muito relevante”, admitiu Lima. “Mas é relevante para a região”. Um dos planos da empresa ao ter uma plataforma industrial e de distribuição de café em Manaus é poder exportar produtos para países vizinhos à região, segundo o presidente do 3corações.

Com a unidade em Manaus, o grupo passará a ter cinco fábricas voltadas ao segmento de café. As outras unidades estão em Fortaleza (CE), Natal (RN), Santa Luzia (MG) e Montes Claros (MG). Nesta última, a empresa produz as cápsulas de café e outras bebidas para as máquinas do sistema TRES.

Como sempre quando questionado sobre o tema, Pedro Lima reforçou que o grupo “continua buscando oportunidades” de aquisições em café no país. Mas, juntamente com a estratégia de aquisições, a companhia aposta no crescimento orgânico. Afora a planta em Manaus, o grupo está instalando uma nova linha em Montes Claros, para duplicar a capacidade de produção de cápsulas da unidade a partir de junho deste ano.

Com 25% do mercado de café em volume no Brasil, segundo a Nielsen, seguido pela JDE (19%), o grupo 3corações comercializa as marcas Santa Clara, 3corações, Iguaçu, Itamaraty, Pimpinela e outras. Além de café, produz derivados de milho e refrescos.

Fonte: Alda do Amaral Rocha | Valor Econômico