O Conselho pode destruir o valor de uma empresa? Bem! Não vou fugir da raia e muito menos ficar em cima do muro ao responder este questionamento polêmico, mas antes vou pontuar algumas questões relevantes acerca da atuação e importância de um Conselho (Consultivo ou administração) nas empresas:
O Conselho é um dos pilares da Governança, sendo responsável pelo direcionamento estratégico e por zelar pelos valores e propósitos da organização.
Sua principal missão é proteger e valorizar a empresa, otimizar o retorno do investimento e buscar o equilíbrio entre as partes interessadas.
Cabe ao Conselho pensar no presente e no futuro da empresa e assegurar meios para que os planos sejam implementados.
É atribuição do Conselho discutir, aprovar e monitorar as decisões, envolvendo:
- Estratégia;
- Estrutura de capital & Funding;
- Apetite e tolerância a risco (perfil de risco);
- Fusões e aquisições;
- Contratação, dispensa, avaliação e remuneração dos executivos;
- Administrar divergências de opiniões;
- Escolha e avaliação da auditoria independente;
- Processo sucessório dos conselheiros e executivos;
- Práticas de Governança Corporativa.;
- Relacionamento com partes interessadas (stakeholders);
- Sistema de controles internos;
- Política de gestão de pessoas;
- Código de compliance e conduta.
O Conselho desempenha um papel crucial para o sucesso e longevidade de uma organização.
Pois bem, agora voltando à provocação ⇒ O Conselho pode destruir o valor de uma empresa? Respondo com convicção que SIM.
Alguns Conselhos definitivamente não conseguem “transformar os desejos dos sócios em desempenho da empresa”. Um conselho desorientado, que desvia de seu propósito fundamental, pode sucumbir a conflitos de interesse, falta de transparência e até mesmo incompetência, minando a confiança dos investidores, dos funcionários e do público em geral. Os resultados podem ser catastróficos.
Abaixo destaco alguns “erros clássicos” de Conselhos desalinhados, fracos e ineficientes e que levam a empresa para rumos equivocados e decisões desastrosas, prejudicando o desempenho e muitas vezes comprometendo sobrevivência da empresa:
Incompetência ou falta de experiência relevante
Conselheiros que não possuem o conhecimento e habilidade necessários para entender os desafios específicos enfrentados pela empresa. Falta de competência em áreas-chave, como finanças, vendas, tecnologia, conformidade regulatória e principalmente experiência em gestão e governança corporativa. Isso pode levar a decisões erradas e a uma estratégia empresarial deficiente.
Conflito de interesses
Conselheiros escolhidos sem critérios profissionais (familiar, amigo, executivo) que podem ter interesses pessoais ou financeiros que entram em conflito com os interesses da empresa. Isso pode levar a decisões que beneficiam os indivíduos em detrimento da empresa ou que prejudicam a reputação e a integridade da organização.
Falta de diversidade
Conselho composto exclusivamente por indivíduos com experiências e perspectivas semelhantes, a capacidade da empresa de inovar e se adaptar a um ambiente em constante mudança é severamente comprometida, dificultando as tomadas de decisões mais robustas, podendo expor a empresa a riscos significativos e impedir seu crescimento sustentável.
Lentidão nas decisões
Conselho que não acompanha o “timing” do ecossistema de atuação, especialmente em segmentos extremamente dinâmicos, como de tecnologia, mercado financeiro, educação, pode comprometer a trajetória da empresa, como observado claramente em cases conhecidos de organizações que lideraram e sucumbiram ⇒ Nokia, Blackberry, Blockbuster, Yahoo, Atari.
Dedicar pouco tempo para a “estratégia” do business
Conselhos de alta performance canalizam energia e a maior parte do seu tempo no ESTRATÉGICO. O Conselho não deve interferir em assuntos operacionais, mas deve ter a liberdade de solicitar todas as informações necessárias ao acompanhamento da gestão executiva e o cumprimento de suas funções, inclusive, a especialistas externos, quando necessário. “Nose in, hands out”.
Visão de futuro & cultura de resultados
Algumas empresas pagam o preço muito alto, pela dificuldade dos Conselhos de equilibrar a visão de futuro com os resultados de curto e médio prazos, necessários para tracionar os objetivos de longo prazo. É inegociável não desenvolver no presente um modelo de negócios que torne a empresa Sexy ⇒ lucrativa, em crescendo agressivo e sustentável, desejada e alinhada com o mercado e stakeholders.
Acionistas amadores
Os conselhos somente desempenharam o seu papel se os controladores também se profissionalizarem, o que muitas vezes não acontece.
Não entender a “cultura” da empresa
Quando os conselhos não compreendem a cultura da empresa, isso pode levar a uma série de consequências negativas como decisões desalinhadas com o propósito da organização, alocação de recursos financeiros, humanos e tecnológicos em iniciativas não conectadas com os valores da empresa, desmotivação do time, perda de Identidade corporativa. Se os conselhos não compreendem ou ignoram a cultura existente, isso pode levar à diluição da identidade da empresa e confusão sobre sua marca e propósito.
Falta de investimento no desenvolvimento e atualização do Conselho
Boa parte dos Conselhos não contempla no budget da Companhia verbas para educação, treinamento e reciclagem dos Conselheiros. É importante que os Conselheiros estejam familiarizados e atualizados com os principais temas e boas práticas do mercado, como: ESG, governança, economia, liderança, fusões e aquisições, Funding, sucessão, enfim com as mudanças e tendência do mundo corporativo.
Explorar pouco os Comitês de Conselho
Conselhos que não conseguem explorar com profundidade os Comitês (RH, inovação, mercado, finanças, etc), e o pior, muitas vezes, nem investem ou desenvolvem os Comitês estratégicos de apoio ao Conselho. É um pecado! Pois geralmente os Comitês reúnem especialistas, executivos, líderes da organização, que conhecem profundamente a empresa, sua cultura e o mercado de atuação e deveriam ser uma das principais fontes de informações e orientações para suportar as análise e decisões do Conselho.
Falta de transparência e prestação de contas
A Falta de uma Governança Corporativa eficaz impede o fortalecimento de alguns princípios imprescindíveis para operação e desenvolvimento do Conselho como transparência e prestação de contas. Além disso, a falta de transparência nas operações do Conselho pode minar a confiança dos stakeholders, levando a uma erosão da reputação da empresa e à perda de valor de mercado.
Em última análise o Conselho é um ativo valiosíssimo para uma empresa, podendo ser uma bênção, desde que seja selecionado com cuidado, gerenciado com diligência e supervisionado de perto, pelos seus acionistas. No entanto, também pode ser uma maldição, se ignorados os perigos potenciais de um conselho desalinhado, podendo levar a consequências sérias e até mesmo à destruição da empresa. Ao adotar uma abordagem proativa para mitigar os riscos associados ao Conselho, os líderes empresariais podem e devem proteger sua organização e garantir que ela continue a prosperar. Afinal, o futuro e longevidade da empresa depende disso.
A mesa do conselho é para os bravos, os fortes! Os resilientes!
Escrito por: Marco Aurélio Rodrigues | Sócio da Trade Consulting
A Trade Consulting, através do seu sócio–conselheiro Marco Aurélio Rodrigues, participa de 4 (quatro) Conselhos de empresas que atuam nas áreas de tecnologia, meio ambiente, álcool, cosméticos, saneantes e transformação de EPS (Isopor).
O nosso propósito é de “transformar as organizações”. Reforçamos o nosso compromisso e obstinação em ajudar a construir modelos de negócios de alta performance, orientando a profissionalização e aperfeiçoamento da gestão & governança e fundamentalmente o aumento da geração de valor das organizações que nos confiam uma cadeira em seus Conselhos.
Abaixo os Grupos que atuamos como Conselheiros. Todos estão entre os líderes no Brasil em seus segmentos de atuação.
Clique e conheça um pouco mais a História destas Companhias:
» Grupo BMA Ambiental
» Grupo Isorecort
» Grupo Tupi/Callamarys
» It One Technology