Qual o empresário que nunca se viu diante das seguintes situações?

  • Receber uma proposta para venda de sua empresa
  • Precisar de um sócio ou investidor para promover o crescimento, aproveitar uma oportunidade ou até mesmo para sobrevivência de seu negócio
  • Uma briga e/ou desligamento de um sócio e ter que comprar a participação dele
  • Entrada espontânea ou não de um novo sócio
  • Interferências de minoritários na gestão, e a necessidade de aquisição das cotas desses sócios para não comprometer a organização e crescimento da instituição

Em situações como essas, a maioria dos empresários não esta preparada para responder as seguintes perguntas: Qual o valor de mercado da minha empresa? O valor que estou comprando ou vendendo minhas cotas é justo?

Para responder essa pergunta é imprescindível que seja elaborado um Laudo de Avaliação do Valor Justo da Empresa, mais conhecido como Valuation.

O Valuation nos últimos anos vem ganhando muito destaque no meio corporativo, pois tem sido um grande aliado dos empresários e executivos no planejamento e decisões estratégicas, sendo um instrumento importante em processos de compra e venda de participação societária, na análise de parcerias e joint-venture, na análise de viabilidade de projetos de investimentos, na abertura e fechamento de capital; como base de cálculo para remuneração variável de executivos, na determinação do preço de compra e venda de ações, na liquidação judicial e principalmente em operações de Fusão & Aquisição.

Vários métodos podem ser usados para calcular o valor justo de um negócio, podendo ser utilizados em conjunto ou separadamente. O método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD) é o mais confiável e utilizado pelas empresas de consultoria, estudiosos, fundos e bancos de investimento, sendo amplamente difundido no mercado financeiro e também o mais indicado para avaliação de empresas para fins de fusões e aquisições. É muito comum e recomendável, a utilização de outro método para efeito comparativo, a fim de balizar a análise, desta forma, o mais utilizado como ferramenta auxiliar é o Múltiplo de Mercado. Segundo pesquisa realizada no Brasil pela FEA/USP esses são os métodos mais utilizados na valoração das empresas: FCD (82%) e Múltiplos de Mercado (11%).

Face a riqueza dos métodos e também a necessidade de um prévio conhecimento técnico tratarei o conceito dessas metodologias de forma bem objetiva. Assim o valor da empresa com base no método FCD utiliza o fluxo de caixa livre futuro da empresa, acrescido do valor residual dado pela perpetuidade ao final do período projetado e trazido ao valor presente por uma taxa de desconto pela metodologia CAPM (Capital Asset Princing Model), considerando-se o CMePC – Custo Médio Ponderado de Capital próprio e de terceiros.

Já no método Múltiplos de Mercado são relacionadas operações e empresas nacionais e internacionais de referência do setor e que atuam no mesmo segmento e comparados com os indicadores da empresa valorada. Os indicadores mais utilizados são: Preço/Lucro Líquido (P/E) e Preço/EBITDA (EV/EBITDA). Os valores encontrados sevem apenas como ferramenta complementar e base de comparação para a análise do FCD.

Por tudo, não é fácil avaliar o valor de um negócio. A avaliação tem que traduzir a história da empresa, sua performance e projeções econômico-financeiras, o mercado, os aspectos operacionais, os ativos tangíveis e intangíveis, a marca, dívidas, os investimentos, clientes, tecnologia, concorrentes, suas forças e fraquezas, as ameaças e oportunidades, perspectivas, crescimento e estratégia da organização.

Por se tratar de uma metodologia complexa é fundamental que seja realizada por consultorias e profissionais com profundo conhecimento técnico e vivência na avaliação e gestão de empresas.

A aplicação desta metodologia requer conhecimento e prática, e deverá ser aplicada de forma personalizada, respeitando o perfil, informações históricas, o momento e planos de negócios futuros de cada organização, dando credibilidade para a valoração apurada e desta forma, podendo ser utilizada efetivamente, na estratégia de determinação de preço da empresa, bem como base de fundamentação e geração de valor em uma negociação de compra e venda de participação.

Abaixo relaciono, de forma breve, mantendo o sigilo dos nomes das empresas, algumas experiências vividas por mim e minha equipe no campo da gestão e avaliação de empresas em processos de fusão & aquisição e investimentos, que demonstram claramente a importância, valor agregado e algumas aplicabilidades do Valuation.

  • A pedido de um grupo americano elaboramos o estudo de valoração de uma indústria mecânica e para surpresa de todos o valor da avaliação ficou negativo, o que norteou a decisão dos investidores de desistir do negócio
  • Avaliamos, recentemente, uma empresa familiar na área de moda para fins de remunerar um dos sócios que estava se desligando. O valor ficou muito abaixo da expectativa e patamares que estavam sendo discutidos, redirecionando o diálogo entre os sócios
  • Elaboramos a avaliação do valor de mercado de uma empresa de TI, para fins de venda de participação, e o valor justo apurado era quase o dobro da expectativa do sócio, o que mudou de forma expressiva a estratégia de precificação e abordagem junto a potenciais investidores
  • Um grupo de saúde compra participação de outro grupo do mesmo segmento, utilizando critérios muito conhecidos: ¨Achismo e ensaios/projeções internas¨. A sociedade não deu certo. O grupo investidor desistiu e se desligou menos de um ano depois, Já com a nossa entrada e participação no processo e utilizando metodologia e critérios profissionais, o valor apurado foi muito maior do que o valor investido. Por isso, o sócio remanescente, a contragosto, recomprou a participação e teve que pagar o goodwill (ágio)

Por fim, gostaria de terminar este artigo com uma pergunta: Quanto vale a sua empresa?  Caso não tenha a resposta está na hora de você fazer o Valuation do seu negócio.

Autor: Marco Aurélio Rodrigues