O mercado de fusões & aquisições em junho de 2022 retoma o crescimento
Os setores de Tecnologia da Informação, Companhias Energéticas e Telecomunicações e Mídia foram os mais ativos no Brasil e os investidores nacionais predominaram.
Aumento de 1,5% do acumulado dos últimos doze meses, 2.015 operações, comparado com o mesmo período do mês anterior. Já em relação ao acumulado dos 12 meses, com jun/21, o aumento é de 29,7%.
O primeiro semestre do ano, com 926 operações e investimentos de R$ 258,4 bilhões, representa crescimento 14,0% no volume e de redução de 26,7% no valor, em relação ao mesmo período do ano passado.
No mês de junho foram realizadas 185 transações, crescimento de 15,6%, em relação ao mês anterior e investimento de R$ 62,0 bilhões, crescimento de 77,8%. Se comparado com o mesmo mês do ano anterior, verifica-se um crescimento de 18,6% no volume e queda de 23,0% nos investimentos.
Tanto o volume como os investimentos das transações de porte acima de R$ 1,0 bilhão, foram as que acusaram a maior queda no primeiro semestre do ano.
O volume e os investimentos realizados nas operações de porte até R$ 50 milhões foram os únicos que apresentaram crescimento, de 32,7% e 50,2%, respectivamente.
Valor médio das transações no acumulado do 1º sem/22, registra queda de 35,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Predomínio dos Investidores Estratégicos com crescimento acumulado do ano, de 18,1% no volume e queda de 22,6% nos investimentos.
Os investidores Financeiros registraram aumento de 7,5 % no volume e queda de 32,9% no montante dos investimentos no acumulado do ano.
Investidores Nacionais com maior apetite no 1º Sem/22, registraram 767 negócios, crescimento de 12,8%, e um montante de R$ 199,3 bilhões, com queda de 28,1%.
No ano os Investidores Estrangeiros registraram 159 negócios, um crescimento de 20,5%, e redução de 21,6% no valor dos investimentos.
Foram mapeados no mês 37 negócios realizados por investidores de 10 países. Os EUA com 15 operações e investimento da ordem de R$ 1,5 bilhões foram o de maior apetite.
Maiores transações do mês de junho/2022:
- Eletrobras é privatizada com oferta de R$ 33,7 bilhões na Bolsa;
- Eneva capta R$ 4,2 bi em oferta de ações para bancar aquisições;
- Localiza vende ativos da Unidas para a Brookfield por R$ 3,57 bi;
- Fleury e Hermes Pardini assinam acordo para fusão.
Maiores negócios no primeiro semestre de 2022 com valores divulgados:
- Eletrobras é privatizada com oferta de R$ 33,7 bilhões;
- Rede D’Or e SulAmérica Seguros fazem fusão;
- Aliansce e BR Malls formam a maior companhia de shoppings do país;
- PetroRio faz “compra transformacional” aquisição de Albacora Leste;
- Petrobras fecha acordo com CNOOC Petroleum para cessão de 5% no Campo de Búzios;
- Itaú pagará R$ 7,9 bilhões por nova fatia da XP;
- Petrobras vende 22 concessões de campos de produção localizadas na Bacia Potiguar, no Rio G. Norte;
- Eneva adquire térmica Celse por R$6,1 bi;
- BR Properties vende ativos para grupo Brookfield por R$5,92 bi;
- BRF levanta R$ 5,4 bilhões em oferta subsequente.
ANÁLISE DO MÊS
Grau de concentração setorial
Os 5 setores mais ativos responderam no mês de junho/22 por 62,7% do total das operações, contra 76,3% no mesmo mês do ano passado, reduzindo expressivamente o grau de concentração dos TOPs 5.
Crescimento de 15,6% do número de operações em relação ao mês anterior.
Foram divulgadas com destaque pela imprensa no mês de junho 185 transações em 26 setores da economia brasileira, registrando um crescimento de 15,6% em relação ao mês anterior (160 operações).
Confrontando com o mesmo mês do ano anterior, constata-se um crescimento de 18,6%, quando foram apuradas 156 negócios.
Evolução nos últimos 5 anos
No acumulado do primeiro semestre de 2022, apuradas 926 operações, registra um crescimento de 14,0% se confrontado com igual período de 2021, quando foram realizadas 812 operações.
Maiores apetites x maiores quedas.
Setores mais representativos nos primeiros seis meses. No gráfico dos setores mais ativos no acumulado do corrente ano, além de TI, destacam-se Companhias Energéticas e Instituições Financeiras.
No acumulado do ano o segmento com maior crescimento no número de transações em relação o mesmo período do ano passado foi o de Companhias Energéticas com um aumento de 37 operações, seguido por TI e Imobiliário.
Os setores que apresentaram maiores quedas no nº de transações no acumulado do ano, em relação ao mesmo período do ano passado, foram Outros; Hospitais e Lab. De Análises Clínicas e Construção e Produtos para Construção.
Crescimento do acumulado do volume de transações dos últimos doze meses.
O mês de junho/22 retoma o crescimento, praticamente uma constante ao longo dos últimos dois anos – desde jul/20 – no acumulado do número de transações. A maior queda ocorreu no apogeu da pandemia e por um curto período de 4 meses – entre mar/20 a jun/20.
Junho/22 quebra a barreira de duas mil transações. Um aumento de 1,5% do número de transações de M&A acumuladas nos últimos doze meses, com 2.015 operações, comparativamente com o mesmo período do mês anterior. Já em relação ao mesmo período acumulado do ano anterior – jun/21, o aumento é de 29,7%.
No gráfico do acumulado, pode-se inferir ciclos distintos de crescimento e queda do número de transações. Destacam-se prováveis fatores que mais estão repercutindo nas expectativas de investimentos. Integra também o gráfico, (i) a evolução da série histórica do índice BOVESPA (desempenho das ações negociadas na B3), no mesmo período, e (ii) a evolução da taxa de câmbio.
O primeiro semestre de 2022 foi marcado por panorama macroeconômico com inflação e juros elevados, além dos desdobramentos da invasão da Rússia na Ucrânia e encerramento da emergência de saúde pública de interesse nacional da pandemia da covid-19.
Dólar encerra o mês de junho com alta de 10,1%. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, registrou queda de 11,5%.
Porte das transações
Das 185 transações apuradas no mês, 130 são de porte até R$ 49,9 milhões – 70,3 % do total e responderam por 2,6 % do seu valor. No acumulado do ano, para este mesmo porte de operações, registraram-se 643 transações representando 69,4% do total e 3,6% do valor. E impacta um crescimento de 37,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O volume de transações acumuladas no ano de porte acima de R$ 1,0 bilhão foram as que acusaram a maior queda, de 45,2%
Trimestral: impacto acentuado
O volume de negócios do 2ª trimestre/22, revela um crescimento de 11,4% em relação ao trimestre anterior. E na segmentação por parte, os maiores negócios, entre R$ 500 milhões a R$ 1,0 bilhão, foram os que mais cresceram, 25,0%, neste 2º trim./22.
No comparativo das participações das transações em função do porte no primeiro semestre do ano, permite identificar a variação do volume – percentual – ao longo dos últimos 3 anos.
A mudança estrutural mais significativa em relação ao mesmo período do ano passado está na redução do volume das transações de porte acima de R$ 1,0 bilhão, que reduziu de 10,3% para 5,0%.
Queda de 23,0% do montante dos investimentos em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Quanto aos montantes dos negócios realizados no mês, estima-se o total de R$ 62,0 bilhões. Representa uma queda de 23,0% em relação ao mesmo mês do ano anterior – considerando Valores Divulgados (90,5%) e Não Divulgados/Estimados (9,5%). Em relação ao mês anterior, verifica-se um crescimento de 77,8 % quando atingiu o montante de R$ 34,9 bilhões.
Redução de 26,7% do montante dos investimentos no acumulado do 1º sem./22. Quanto aos montantes dos negócios realizados no acumulado do ano estima-se o total de R$ 258,4 bilhões, representando uma queda de 26,7% em relação ao mesmo período de 2021.
Os investimentos realizados nas operações de porte até R$ 50 milhões foram os únicos que apresentaram crescimento, de 50,2%. Por sua vez o investimento das operações acima de um bilhão de reais teve queda expressiva de 30,5%.
No comparativo das participações das transações no primeiro semestre do ano permite identificar a variação dos investimentos – percentual – em função do porte, ao longo dos últimos 3 anos. A alteração mais significativa está no aumento dos investimentos das transações de porte até R$ 50 milhões.
Distribuição do montantes das transações por porte – trimestral.
Os investimentos realizados no 2ª trimestre/22, revelam um crescimento de 46,5% em relação ao trimestre anterior. E na segmentação por porte, os negócios no intervalo de R$ 50 a 500 milhões, foram os que mais cresceram, 80,7%
Valor médio das transações
Valor médio das transações no primeiro semestre do ano registra queda de 35,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O valor médio das transações realizadas no acumulado do ano alcançou R$ 279,1 milhões, contra R$ 434,5 milhões no mesmo período de 2021, representando uma redução de 35,8%.
A queda do valor médio do acumulado do ano ficou por conta das transações de porte superior a R$ 50,0 milhões e inferior a R$ 1,0 bilhão, comparativamente com o mesmo período do ano anterior.
Dinâmica & Origem dos Investidores
Investidores Estratégicos
Crescimento de 18,1% no volume em relação ao acumulado do ano passado e queda de 22,6% nos investimentos – O maior apetite neste mês ficou por conta dos investidores Estratégicos com 119 operações (64,3%), e responderam por 20,8 % dos montantes investidos. No acumulado do ano, os Estratégicos, com 595 operações tiveram crescimento de 18,1% em relação ao ano passado. Responderam por 64,3% dos negócios e 63,2% dos investimentos, no montante de R$ 163,3 bilhões, o que significa uma queda de 22,6% em relação ao mesmo período do ano de 2021 (R$ 221,1 bi).
Investidores Financeiros
Os investidores Financeiros cresceram 7,5% no volume e queda de 32,9% no montante dos investimentos no acumulado do ano. Realizaram 66 operações no mês de maio num montante de R$ 49,1 bilhões. No acumulado do ano os investidores financeiros alcançaram 331 operações – crescimento de 7,5% – correspondendo a 35,7% dos negócios e 36,8% dos investimentos, no valor de R$ 95,1 bilhões, representando uma queda de 32,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Investidores Nacionais
Investidores Nacionais com maior apetite no acumulado do ano, crescimento de 12,8% no volume e queda de 28,1% no montante. Os investidores de Capital Nacional foram responsáveis no mês por 148 operações, 80,0%, e investimento da ordem de R$ 53,4 bilhões, correspondendo a 86,1% do total. No acumulado do ano, os nacionais foram responsáveis por 767 operações – crescimento de 12,8% em relação ao ano anterior, e responderam por 82,8% das operações. O investimento foi da ordem de R$ 199,3 bilhões, o equivalente a 77,1% do total, correspondendo a uma queda de 28,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Investidores Estrangeiros
No ano os Investidores Estrangeiros registraram crescimento de 20,5% no volume de transações e redução de 21,6% no valor dos investimentos. Os investidores de Capital Estrangeiro realizaram no mês 37 operações – 18,1% do total, no montante de R$ 8,6 bilhões – 13,9% do total. No acumulado do ano, os Estrangeiros com 159 operações registraram um crescimento de 20,5% – responderam por 22,9% dos negócios. Os investimentos alcançaram o montante de R$ 59,2 bilhões (22,9%), o que significa uma redução 21,6% em relação ao mesmo período do ano de 2021. Importante mencionar que as informações disponíveis sobre os investimentos em relação aos IPOs, na B3, são tratados como de capitais nacionais na data da divulgacão deste relatório. Quanto a aportes de investimentos conjuntos de vários fundos de Private Equity, considera-se a nacionalidade do líder do bloco.
No mês de junho/22, foram mapeados 37 negócios realizados por investidores de 10 países.
Os EUA com 15 operações foram os de maior apetite estrangeiro no mês e um investimento estimado em R$ 1,5 bilhões.
Fonte: Fusões&Aquisições